Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
26/05/2017 19h16
Amigos da HM

Foi durante a Copa do Mundo em 74 que fui trabalhar nas Lojas HM,então uma potencia no ramo de vendas,com filiais pelo Brasil afora.Cheguei a ficar impressionada com todo aquele império macediano,onde tudo era perfeitamente ajustado, conforme a função de cada funcionário..
Alem do aparente zelo dos seus diretores, pela empresa que mais crescia na época no Pais.
Senti - me uma formiguinha naquele enorme formigueiro gigante,mas aos poucos fui me adaptando as novas regras.
Minha função de telefonista me permitia trabalhar somente 6 horas diárias, segundo a Lei do trabalho com relação aos trabalhos considerados insalubres e ser telefonista, era um deles,porem cumpria expediente de 8 horas pra ganhar horas extras.

As amizades que conquistei fazendo essas duas horas no escritório de contabilidade, do seu João Pereira,,jamais esquecerei que algumas duram ate hoje,como a Amélia,Ilda,Neide e Zeni.

 Amigos do Hermácia

Era ali o ponto de encontro dos Hermacianos, comandado pelo Gil.
Todos os dias ali se reuniam pro almoço, os que traziam suas marmitas caseiras, e ate mesmo um agradável bate papo entre amigos,que eram requentadas pela Guida,que comandava o fogão..
O ambiente tinha um ar caseiro como se uma grande família, ali se reuniam pro almoço e grandes amizades duradouras ali nasceram e perduram ate hoje,como Sueli e Malu..

Amélia sempre me ciceroneando nos passeios programados pelo Hermacia  como  aquele  passeio á Caverna do diabo em Iguape,onde nos divertimos rindo da viagem, regada a ovo cozido.
Ela era a Mé...Eu era a Mi

Era assim que nos chamavam...

A Sueli  estava sempre apreensiva com seu paquera Ditzel, um iratiense também Hermaciano.. 
Certa vez pediu que escrevesse um ‘’rascunho ‘’de carta pra ele,pois tinha certa dificuldade pra  se expressar e eu nisso ,sempre fui assim requisitada.
A Malu era uma pisciana como eu,acabara de casar com o Enio da Petrobras e sorria de felicidade na sala hermaciana.


E a Ilda, a mineirinha de Araguari...
Foi uma das ultimas a entrar na Empresa HM,mas conquistou a todos na chegada, com sua simpatia.
De repente conheceu o Norberto, também Hermaciano e.são felizes ate hoje no  Ribeirão da Ilha em Floripa, onde os visitei, sendo muito bem recebida por ambos.
Coincidentemente já conhecia  ele dos tempos da farmácia Pessoa,quando ele era representante de um laboratório de medicamentos.
Foi ali também que conheci a Vandinha, que mais tarde viria ser minha cunhada, porem bem antes disso, conheci um radialista, galante e gentil, que costumava levar-me flores na hora da saída, antes de me levar pra lanchar na  antiga galeria Groff, no calçadão da 15 de Novembro, num ambiente clássico cultural da época.
Foram tantos os amigos Hermacianos, que ainda lembro de todos um por um,mas impossível seria relacionar a todos, como o gaúcho Flavio Rogério que torcia pelo Grêmio de Porto Alegre e tentava me converter,pois eu era Internacional.l
E tinha o Toninho,rapaz sorridente que pediu dispensa pra passar o carnaval no Rio e nunca mais voltou, pereceu num acidente de ônibus quando voltava.

 Enfim...

Por todos os lugares deixei amigos e saudades.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 26/05/2017 às 19h16
 
04/05/2017 12h26
Uma amiga chamada Sonia Maria

Sua presença é marcante, e as minhas memórias não ficariam completas,se não lembrasse dela

Sonia Maria...

Sorriso largo no rosto sempre de bem com a vida; parecia que via tudo,colorido!

A conheci trabalhando num serviço grosseiro,indicado mais aos homens que as mulheres,e desde logo conquistou minha amizade, com aquele sorriso que parecia dizer:

- Nós vamos conseguir,enquanto ajudava a empurrar um carrinho carregado com quilos e quilos de trigo,no Moinho Curitibano, local onde fui trabalhar após perder o emprego da TELEPAR.

Me sentia incapaz de prosseguir naquele emprego, que me obrigava a carregar pesos e mais pesos,mas vendo aquele sorriso de otimismo no rosto dela,me encorajava e prosseguia.

Em pouco tempo conheci toda sua família,onde sua mãe dona Francisca,viúva,trabalhava como zeladora no Colegio Tiradentes,pra sustentar os 8 filhos.

De repente, João o irmão mais velho sumiu,e nunca mais tiveram noticias dele,e foi essa  a única vez que não vi aquele sorriso no rosto, ao me contar o desaparecimento daquele irmão.

Tinham tantas diferenças no modo de ser e de pensar, porem num ponto combinávamos: Elis Regina,a pimentinha era nossa favorita.Deixou isso gravado no velho caderno de confidências...

A vida nos separou por algum tempo, até que um dia ela reapareceu e nervosamente, comunicou que engravidara e precisava ir embora, pra que a mãe não descobrisse aquela gravidez..

Chegou até falar em aborto,mas vendo minha reação contrária desistiu, então disse que eu seria a madrinha daquela criança, quando nascesse.

O único pedido que fez, foi  que guardasse segredo não contando nada pra sua mãe.

Concordei,pois o que mais temia era que ela abortasse, então tirou do dedo um lindo anel de pérolas, presente da sua madrinha, e me deu como prova de uma sincera amizade.

O tempo passou e um dia voltou com uma linda criança nos braços, era uma menininha com cabelos loiros e cacheados, como uma ovelhinha.

Naquele instante me senti gratificada, por ter dado conselhos que foram ouvidos, pra que aquela criança nascesse.

Antes de falecer de forma tão inesperada, deixou uma cópia de uma oração Prece de Cárita, que decorei:

 

''Deus nosso Pai que sois todo poder e bondade, dai  a força a quem passa pela provação, dai á luz a quem  procura a verdade, ponde no coração  do homem a compaixão e a caridade.

Deus...

Dai ao viajor a estrela guia,ao culpado o arrependimento, ao doente o repouso, ao aflito a consolação,ao espirito a verdade, a criança o guia, ao órfão o pai.

Senhor...

Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes, piedade para aqueles que vos não conhecem,esperança para os que sofrem.

Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores, derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.

Deus

Um raio,uma faísca do Vosso amor pode abrasar a terra, deixai-nos beber nessa fonte fecunda e infinita e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão

Um só coração,um só pensamento subirá até Vos como um grito de reconhecimento e amor;

Como Moises sobre a montanha nos Vos esperamos de braços abertos Ó bondade Ó beleza Ó perfeiçao, e queremos de alguma forma merecer a vossa misericordia.

Deus

Dai-nos a força de ajudar o progresso,afim de subirmos até Vós, dai-nos a caridade pura,dai-nos a fé e a razão, dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas, um espelho,onde possa refletir  a Vossa imagem.Amem.

  '' Por coincidência essa era a prece preferida do meu pai e minha também''.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 04/05/2017 às 12h26
 
04/05/2017 11h56
A casa da dona Rosinha

FOI A PRIMEIRA CASA QUE VISITEI AO CHEGAR NA CAPITAL, NOS ANOS 60...

TUDO PARECIA ENCANTAMENTO AO ENTRAR NAQUELA CASA BONITA  E ACONCHEGANTE, ONDE DONA ROSINHA SE DESDOBRAVA EM GENTILEZAS, AFINAL EU ERA A IRMÃ DA SUA NORA, QUE ACABARA DE  LHE DAR UM  CASAL DE NETOS.

SEU ESPOSO SANTO LORO, ERA UM ITALIANO BRINCALHÃO QUE GOSTAVA DE SAIR TODA TARDE PRA CANCHA DE BOCHA, NO BACACHERI, COM SEUS VELHOS COMPANHEIROS DA BASE AÉREA, LEVANDO JUNTO SEUS SOBRINHOS JAIRO E JAIR. 

SUA FILHA ZAIRA ERA MUITO PARECIDA COM ELA JA ESTAVA NOIVA  E POUCO NOS ACOMPANHAVA EM NOSSOS PASSEIOS DIÁRIOS PELO BAIRRO, NOS FINAIS DE TARDE.

FINAL DO DIA, APOS O JANTAR TODOS SE REUNIAM EM FRENTE A VELHA TV PRETO E BRANCO, PRA ASSISTIR BONANZA E NOS FINAIS DE SEMANA O TELECATCHE, NARRADO PELO BRUSTOLIN E A TORCIDA VIBRAVA A CADA INVESTIDA DO JÓIA PSICODÉLICO X TED BOY MARINHO, ENTRE UMA CUIA E OUTRA DE CHIMARRÃO, PASSANDO DE MÃO EM MÃO, A ALEGRIA DA TORCIDA SÓ AUMENTAVA.

AOS SABADOS, SEMPRE ROLAVA UM SARAU DANÇANTE E  ENTRE TROCA DE OLHARES,  A MOÇADA DANÇAVA DE ROSTO COLADINHO, TUDO ERA TÃO DIFERENTE DOS DIAS DE HOJE,QUE DA BAITA SAUDADES DAQUELES ENCONTROS DE FAMILIA.

CERTA VEZ FUI PASSEAR NA RUA ERASTO GAERTNER, EM FRENTE AO QUARTEL E VI UM JOVEM SOLDADO CHAMADO PEDRO TIRANDO PLANTÃO E MAIS TARDE, SOUBE QUE QUERIA CONVERSAR COMIGO. 

AO PASSAR DE NOVO NO DIA SEGUNTE, FOI  LOGO DIZENDO QUE ESTAVA PRA DAR BAIXA, MAS QUERIA DEIXAR UMA FOTO DELE COMIGO COMO  RECORDAÇÃO;

ACEITEI NUM GESTO DE EDUCAÇÃO,ERA UM  RAPAZ BELO E MUITO EDUCADO, MAS AO VOLTAR PRA IRATI, NUNCA MAIS SOUBE DELE E ATÉ SUA FOTO PERDI.

NAQUELES TEMPOS AS MUSICAS NAS PARADAS DE SUCESSO, ERAM ADEUS SOLIDÃO, NA VOZ DE CARMEM SILVA E SÁ  MARINA COM SIMONAL

 MARCOU BASTANTE ESSE ENCONTRO TÃO EFÊMERO...

DOCES LEMBRANÇAS...HOJE  QUASE TODOS JÁ  PARTIRAM.

ATÉ  MESMO MINHA IRMÃ QUERIDA E MEU CUNHADO,SÓ RESTANDO A VELHA CASA, QUE UM DIA ACOLHEU E CONTRIBUIU, PRA QUE TODA SAUDADE SE TRANSFORMASSE EM DOCES MEMÓRIAS, DOS MEUS 18 ANOS. 

GRATIDÃO A TODOS ELES...


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 04/05/2017 às 11h56
 
30/04/2017 09h00
O casarão

Ali naquela pequena travessa Jose Mery 132 ,ficava o Casarão do seu Pedro,no melhor estilo de uma moradia de italianos  Os Geronasso.

Ali foi a primeira moradia da chegada na capital,uma casa que embora parecesse grande,tornava-se pequena por ser parede e meia com os vizinhos Neuza e Jair e seus filhos Denilson e Claudete e o cunhado dela Joedi,,que mais tarde veio a se casar com a Vanda,nossa vizinha.

Sentia pela primeira vez, estar morando num casarão mesmo,ao comparar com a pequenina casinha cor -de- rosa, deixada pra trás na cidade natal.

Éramos em onze pessoas pra somente dois quartos sendo um dos quartos no sótão,o que o tornava muito disputado pela piazada que la se instalaram .Foi de la que presenciamos a neve caindo em Curitiba no ano de 1975.

Em volta, a vista era agradável pela presença de um grande área verde,onde cachorros, vacas e cavalos, conviviam pacificamente .Ali a esperança recomeçava e apesar de tantas dificuldades, aquele casarão abrigava uma família em busca de recomeço Não tinha geladeira nem televisão,mas imperava a uniã; Não tinham as facilidades no comer e no vestir,mas havia a solidariedade da troca,um amparando ao outro, nas suas necessidades.

''Ali reinava soberana uma rainha conciliadora, que se desdobrava pra cuidar de todos e que tenho certeza, deixou pra comer por ultima, pra que não faltasse a todos.Minha mãe.

Foram dias difíceis mas reinava a paz,comprovando assim,que as dificuldades nos une, ao contrario da abundancia que separa.

Tinha ate mais uma boquinha pra comer os restos,que por acaso sobrassem. O cãozinho de nome Belinho.

No fundo do quintal um pequeno galpão de madeira,que servia de quartinho pra despensa e até pra dormir,caso chegasse uma visita inesperada.

Foi ali nesse casarão que chegou a primeira televisão em branco e preto,uma Colorado RQ\ comprada na antiga loja Cifra de Curitiba.

 Foi fiadora a tia Naide,que durante uns tempos morou junto naquele casarão quando ela ainda trabalhava como telefonista no Hospital das Clinicas.Tive assim a oportunidade de conviver com minhas primas Cácia,Márcia e Cintia por algum tempo,antes de ir buscar minha família em irati.Tio Alcindo foi quem me deu o meu primeiro álbum de fotografias, quando um dia nos visitou em Irati .A eles dedico enorme saudade.

Ali também comprei o primeiro sofá cama, tendo sido a dona Lole minha fiadora. Enorme gratidão.

Que sensação de vitoria, poder sentar e assistir a novela da época, Cavalo de Ferro e outras mais, como Minha doce namorada e os Telecatche aos sabados, com Ted Boy Marinho x Jóia Psicodélico e tantos outros.

A fase de televizinho acabara,agora a vida parecia menos madrasta e se tornara mãe, e o que viesse depois,certamente se tornaria  de mais fácil solução.Ali pude enfim, comprar minha primeira maquina fotográfica ''love'', com a qual fotografei meus 30 anos.

Ali também conheci um jovem galante,que me levava flores e doces no portão;Rubens era o seu nome.

Porem, foi ali também que desejei fugir da vida pela primeira vez,deixando em cima da mesa um bilhete de despedida pra minha mãe,estava a beira de uma depressão profunda, diante de tantas responsabilidades.

Acabara de perder o emprego na Telepar pra  voltar pra Irati,porem diante da desistência da mãe em voltar,acabei indo trabalhar como servente no Moinho Curitibano,onde passei a ganhar tão pouco que gastava tudo em alimentos, tais como: macarrão, bolacha e trigo.

No dia do pagamento só tinha os vales pra descontar não sobrando nada pra que pudesse comprar um calçado ou uma roupa pra mim.Deus me resgatou e na ultima hora, desisti daquele gesto extremo.

Tudo isso resumo numa só verdade: Que nem sempre o dinheiro traz felicidade, pois foi ali naquele casarão que vivi os meus melhores dias da vida.Tinha uma família  e tinha esperanças.

 

 

 

 

 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 30/04/2017 às 09h00
 
16/04/2017 09h51
Silencio e solidão

 

 

Agora dize-me pequena amiga se não é verdade que gostas de passear sozinha por estradas desertas.

Vês ali um recanto delicioso : álamos,ebétulas, formam em fila dupla, um refugio de paz,de amor e de silencio.

Nos lados as valas que na primavera estão repletas de água,que escorre cantante,em meio a cílios esbugalhados de margaridinhas e não-te-esqueças-de-mim.Mas  convida- te também o descanso num terraço florido  que descortina as verdes ondas do mar ou um lago azul e em noites de lua cheia,quando no outono o céu resplandece de estrelas,  gostas de velar os cotovelos no parapeito compondo sentidos versos de amor, com os cílios umedecidos de lagrimas.

Porque choras? não o sabes...Há em ti algo que necessitas de desafogo

Amanhã quando estiveres com teus irmãos e amigas serás novamente alegre sem medidas,mas hoje tem vontade de chorar...

És como foram as meninas do seculo dezoito e como serão as meninas de amanhã, quando o dia de hoje será para ti ontem,pois ainda que existam diferenças entre um seculo e outro, a mulher do seculo dezenove seja desembaraçada e mais atrevida,no fundo da alma é sempre uma criatura sensibilíssima e sonhadora.

A melancolia é um sofrimento intimo e muito doce que nasce no interior e se manifesta em rios de lagrimas.

É o tempo em que a própria musica te faz sofrer,mas o soluço do violino ouvido em horas de silencio e solidão, te faz verter lagrimas.

Bem como acontece quando ouve uma canção de suave nostalgia

E dos poetas, escolhes o que mais tocam sua sensibilidade.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 16/04/2017 às 09h51



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