Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
25/07/2017 20h18
Cantar sempre...

Durante os dias que acompanhei a enfermidade naquele Hospital,,apesar das noites mal dormidas pela preocupação em perder a mãe querida,sempre pedia á Deus que me permitisse estar ao seu lado,no seu momento derradeiro.

Ela já não falava nem enxergava mais,porém sentia que ela ainda me ouvia.

Naquela tarde porem, ela balbuciou com dificuldades e disse baixinho pra que ouvisse:

- É melhor cantar que chorar!

Cresci ouvindo sempre ela cantar,mesmo nos momentos mais difíceis e dela herdei esse dom.

Inúmeras vezes, contou que ficava na porta de casa, ouvindo eu cantar no radio da vizinha,pois nem radio ela tinha

Tomei isso como um último conselho, pois sei o quanto ela ficava feliz quando cantava pra ela, quando ela ainda não havia tido aquela queda fatal.

Cresci ouvindo ela contar suas memórias,que costumeiramente anotava,pra não se perderem no tempo.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 25/07/2017 às 20h18
 
23/07/2017 09h42
Ninguem prósia comigo...

Era assim  mesmo que ela falava, quando chegava pra vê-la nos seus últimos dias de vida.

Sabia que a solidão na velhice é doída, ainda mais quando queremos prosear e não temos com quem falar.

Percebia pelo brilho dos seus olhinhos azuizinhos, que enfim alguém tinha chegado, pra ouvir o que ela tanto gostava de falar:

Sua família era tudo o que tinha,e lembrar de todos em todos os tempos, era sua maior alegria.

Lembrava da infância sofrida e não continha as lágrimas; e chorávamos juntas.

Ao contrário dos demais irmãos que não gostavam que ela lembrasse do passado e que até retiraram da sua presença, os porta retratos que levei,eu gostava de ouvir suas prosas; até porque as anotava, quando percebi que a sua memória já falhava.

Algumas passagens da sua existência foram suaves até a morte do pai e depois disso, só sofrimento, dizia ela.

Uma das passagens que sempre contava e da qual me lembrava,pois nessa época a situação financeira piorara,.aconteceu logo que chegamos á Curitiba e perdi o emprego na Telepar, então fui trabalhar no Moinho Curitibano como carregadora de trigo,bolachas e macarrão,serviço pesado e nada compensador. 

O salário era pouco e as coisas se tornaram difíceis pra nós,a ponto de ter que comprar fiado no Armazém do Clóvis, pra pagar quando recebesse o vale da quinzena.

Ela mandava os dois menores buscar fiado, eles saiam  rindo e falando um pro outro

- Atacar....

Quando chegava o final do mes, quase nada me sobrava,alem dos vales.

Certa vez,contava ela sempre ,quando ainda era fumante,saiu pra comprar cigarros pra ''espairecer um pouco''. Chegando na panificadora lembrou que as crianças estavam esperando que levasse pão e trocou o vício pelos pães,e nunca mais fumou.

Ela era uma Lady...

Descendia dos Kanitz,cuja família tinha um brasão,mas o seu coração era nobre  desde o berço humilde onde nasceu em Diamantina,hoje chamada Angaí.

Sinto muito a sua falta, pois também sinto falta de alguém pra prosear nesse mundo de hoje,quando os filhos vivem enfiados nas telas de um computador e não encontram tempo pros mais velhos.

Quem garante que um dia não acharão falta em ter alguém pra prosear?

Eu já estou nessa fase:

Ninguem ''prósia comigo.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 23/07/2017 às 09h42
 
23/07/2017 09h04
O acidente fatal...

 

 

 

Corria o ano de 2008

A família e os projetos de trabalho seguiam equilibrados até que naquela fatídica noite de Agosto,uma tragédia veio se abater sobre nossa família

Ao terminar um namoro,meu filho Victor Hugo foi visitar seus primos no bairro próximo,e lá enturmado bebeu junto, e ao voltar dirigindo, antes de chegar em casa atropelou uma pessoa que veio a falecer.

O desespero tomou conta de todos e ao correr pro local, minha primeira atitude foi me ajoelhar no asfalto e pedir á Deus que não deixasse ninguém morrer.

Meu filho saiu ileso mas o pobre senhor não resistiu.

Apesar de todo socorro,não se salvou e levou junto com ele uma parte de mim.

Foi a maior catástrofe de toda minha vida, eu que ja provara tantas dores,como abortos, acidentes, assaltos e sequestros,enfrentava mais aquela que por certo,era a maior de todas.

Jamais esquecerei aquela madrugada de desespero e dor.

Foi julgado e condenado,e pelo fato de não se evadir do local e tentar socorrer a vitima, pagou a pena em liberdade,prestando serviço comunitário a sociedade por 5 anos longos anos.

Sempre lhe dizia quando saia dirigindo aquele carro que tomasse cuidado e que se algo acontecesse, nunca fugisse da responsabilidade de ajudar alguém e assim ele fez por me ouvir,porem a dor da perda foi inevitável.

Os primos que estavam juntos na bebedeira sumiram,comprovando assim a responsabilidade deles no acontecido, mas Deus diante das minhas preces me concedeu o milagre de no dia do julgamento ele ver o jovem filho da vitima se aproximar e dizer-me que perdoava o meu filho.

Esse Deus da Bíblia,que conheci após tantos anos de procura, encontrei assim, no sofrimento maior. 

Nasci católica,herdando da minha avó sua religiosidade,me tornei espirita como meu pai que nos levava ao Centrinho de Asa da dona Chiquinha, mas só na velhice me encontrei com a verdadeira fé que salva e liberta, encontrando alento pro coração.

Toda mãe que perde um filho num acidente é digna de compaixão e solidariedade pela sociedade, mas ninguém pode imaginar o que é a dor de uma mãe cujo filho é o atropelador e tira a vida de alguém num acidente fatal.

Passamos a ser vistas como co-autoras, e muitas portas antes abertas se fecham, como uma exclusão punitiva.

Essa mãe, que se debate em dores pelas perdas, não é vista com bons olhos pela sociedade, que no fundo a culpa pelo erro cometido pelo filho, embora no dia do acidente, por intuição, tenha pedido ao filho que não saísse.

Assim aconteceu comigo,muitas costas se viraram,como repudio pelo que aconteceu

Busquei forças pra continuar vivendo em Deus,e apesar dos pesares, meu filho que sempre foi um bom rapaz, mas que naquela noite estava em péssima companhia,se reergueu,continuou estudando e trabalhando durante todo o Processo.

São nesses momentos que me considero uma fênix,renascendo das cinzas


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 23/07/2017 às 09h04
 
20/07/2017 07h07
Momentos Lispector...

Todos carregamos na alma,um pouco desses momentos da Lispector.

A amargura é uma das características do ser humano e confesso, dela muitas vezes, não pude me livrar, ao longo  da vida

Acho até, que ela já nasceu comigo,geneticamente falando.

Não por opção mas por necessidade, pois embora pareça nociva,ela nos faz refletir sobre a vida que vivemos, boa ou má,alegre ou triste...

Viver é viver sempre, é a palavra de ordem.Não importam as pedras do caminho:

Removê-las é gratificante,pois nem sempre encontramos só flores no jardim da vida.

É natural que assim seja.

Depois de uma longa estrada da vida,você se encontra consigo mesmo e avalia os prós e os contras;com certeza os pros serão em números bem maiores que os contras.

Dediquei grande parte dos meus dias á família, e Deus me deu em troca a paz de espírito tão sonhada.

Busquei sempre dar o meu melhor pra vida, e ela me retribui, com vida abundante Corri sempre atrás dos sonhos sem saber que eles estavam ali, bem pertinho de mim.

Ganhei e perdi muitas coisas na vida.

E de todas as ausências, é a figura da mãe querida que mais busco, pois nela sempre me espelhei,refletida na luz azulada dos seus olhos. Sempre soube,de antemão,que quando ela se fosse,o elo de família se romperia e isso se concretizou.

Fui humilhada,desrespeitada e até difamada,por muitos do próprio sangue: Á todos porém, dediquei imenso amor fraterno., se um dia, lá adiante precisarem da minha mão estendida, por certo terão.

Aos meus Pais minha eterna gratidão

Aos meus Filhos eterno e imenso amor

Ao meu Companheiro de viagem nessa nave chamada vida

Meu eterno agradecimento.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 20/07/2017 às 07h07
 
18/07/2017 07h32
Ir a ti... idas e vindas

EIS-ME AQUI...

SENTADA DEBAIXO DE UMA FRONDOSA ARVORE NA PRAÇA DA BANDEIRA, ENQUANTO AGUARDO O TERMINO DA EXPOSIÇÃO IRATI iDAS E VINDAS....

ALGO ME DIZ QUE ESTÁ SE FECHANDO UM CICLO IMPORTANTE DA MINHA VIDA E DO MEU AMOR POR ESSA CIDADE TÃO AMADA, POR ONDE CAMINHO AGORA, COMO NUMA DESPEDIDA.

SÓ SINTO FANTASMAS DO PASSADO, DE UM PASSADO TÃO DISTANTE...

O DIVISOR DE ÁGUAS, SERÁ ESSA EXPOSIÇÃO''  IR A TI IDAS E VINDAS''

COM FOTOS COLHIDAS, DURANTE TODO TEMPO QUE TE AVISTEI E AMEI.

EU QUE SEMPRE SONHEI TE HOMENAGEAR, ATRAVES DAS TELAS DE UM ARTISTA PLÁSTICO CATARINENSE, QUE APRENDEU A GOSTAR DE IRATI, ATRAVES DOS MEUS OLHOS...

VOU CAMINHANDO EM DIREÇAO AO FUTURO

ESCOLTADA PELAS LEMBRANÇAS QUE VIVI

NAS IDAS E VINDAS POR TI....

 

IRATI

É DOCE E BELO NASCER AQUI

PÉROLA DO SUL

RIO DE MEL 

CIDADE AMADA 

AFETO DERRAMADO EM FORMA DE POESIA .


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 18/07/2017 às 07h32



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