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22/02/2017 16h28
Do Duque de Caxias
FOI NO ANO DE 1953, QUE FUI LEVADA PELA PRIMEIRA VEZ Á ESCOLA.
ERA UM NOVO MUNDO,QUE SE DESCORTINAVA DIANTE DOS MEUS OLHOS DE CRIANÇA.
AO SENTAR-ME NAQUELA MESINHA,COM CADEIRINHAS PARECENDO CASA DE BONECA,POR CERTO NO DIA SEGUINTE FAZIA BIRRA PRA NÃO VOLTAR,MAS ACABEI ACOSTUMANDO TANTO, QUE PASSEI A FAZER DA ESCOLA, MINHA SEGUNDA CASA E ADORAVA, QUANDO A PROFESSORA ROSEMARI LOPES, APARECIA NA SALA,PRA DAR AULA DE MÚSICA.
SOU CAPAZ DE NOMINAR, TODOS OU QUASE TODOS OS NOMES, DOS MEUS COLEGAS DO DUQUE DE CAXIAS,O NOSSO GRUPÃO, E LEMBRO DA FISIONOMIA DE CADA UM DELES.
COMEÇAREI COM MINHA XARÁ
MIRIAN CORDEIRO
CLARICE CATTA PRETA SABOIA
MARIA DA GLORIA OLIVEIRA
ZENILDE ZARPELLON
LEDA MARA CAMARGO
GLADIS BINI
IARA DUSCZACK
INES GLINSKI
MARIA DE LOURDES SAMPAIO
VERA LUCIA SANTOS DE OLIVEIRA
DALZIRA DORNELLES
MARILENA AZEVEDO
SUZANA STRUJACK
MARIA LUCI MENDES
LUCI NOVACKI
AIDA PAVIA
RONILDA DE PAULA NEVES
SONIA MARIA SADOCK DE SA
FLORA BEATRIZ BENATO LEITE
REGINA MAROCHI
ALICE CHAMMI
ALAIDE SCHUBALSKI
JUAREZ VIANTE
DOUGLAS BITENCOURT
EDUARDO CANZIANI
MARCOS ZENI
LUIZ ALBERTO CARVALHO
CEZAR FERREIRA
ANTONIO JOÃO BINI
WILIAM ÁVILA
DORIVAL RIBEIRO
AMIM ABILL RUSS
VALDIR ABILL RUSS
BRUNO ROTTA JUNIOR
ODAIR MOSELE
OSMAR BOZZA
AGOSTINHO ZARPELLON
AUGUSTO GUERREIRO
ANTONIO CORDEIRO
EDSON STELLE TEIXEIRA
DOUGLAS BITENCOURT
OSVALDO VIANA
peço desculpas aos demais, se por ventura os esqueci...
E AS MESTRAS QUERIDAS
AVANI MARTINI SEBASTIÃO
ISAURA E AURÍ
AIDÊ REIS
ROSEMARI LOPES
NEUZA HORBAN
AVANY COSTA
AVANI CAGGIANO SANTOS
FICAVA TÃO FELIZ NA HORA DE FORMAR FILA PRA CANTAR O HINO A BANDEIRA, POIS SENTIA-ME IMPORTANTE NAQUELE MOMENTO CIVICO E EMOCIONADA, VIA NOSSA BANDEIRA TREMULANDO,CONTRASTANDO COM O ANIL DO CÉU.
DURANTE O RECREIO, TIMIDAMENTE, ME APROXIMAVA DA CANTINA, PRA COMPRAR UM PIRULITO DE PAUZINHO,PRA SACIAR A FOME,POIS O DINHEIRO NÃO DAVA PRA MERENDAR.
NÃO CONSEGUIRA O PAPEL DE SOCORRIDA PRA TER DIREITO A SOPA GRATUITA,POR SER MEU PAI MÚSICO, ALEM DE SER FUNCIONÁRIO DA PREFEITURA DE IRATI.
NA VERDADE,O QUE ELE GANHAVA QUEBRANDO PEDRAS NA PEDREIRA,ERA SUFICIENTE APENAS, PRA ALIMENTAR 8 FILHOS PEQUENOS E AQUELE ´´BICO´´ QUE FAZIA COMO MÚSICO,NA ÉPOCA DE CARNAVAL PELOS CLUBES DA CIDADE,POUCO OU MUITO POUCO AJUDAVA.
´´MESMO ASSIM,APESAR DE TANTAS DIFICULDADES, AINDA HOJE CONSIGO VER E SENTIR, A ALEGRIA E A INOCÊNCIA, QUE EXISTIA NOS CARNAVAIS DE OUTRORA.´´
Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 22/02/2017 às 16h28
20/02/2017 19h49
Ser e saber,saber e ser
Quando analiso a situação de uma pessoa que não sabe ler e nem escrever seu próprio nome
fico imaginando como deve ser dificil olhar as letras, palavras e frases, sem nada entender.
Foi assim comigo antes de aprender o ler e escrever
Sei que muitos não tiveram a oportunidade que tive, e vivem na ignorância sem a luz do saber
Quantas pessôas vivem na escuridão dessa forma,olhando e não lendo,como já fui um dia.
Talvez por isso, sempre alimentei o desejo de um dia ser professôra
pra ensinar tambem,como ensinaram á mim, um dia.
Era analfabeta:
Olhava as letrinhas e nada entendia
Era como ver e não enchergar,olhando atraves das letras.
O privilégio do ler,escrever e contar faz-me sentir realizando o que mais queria fazer um dia:
Traduzir em palavras, as dôces memórias da minha vida.
Uma vida bem vivida,ora adocicada,ora amargosa,como a vida de uma abelhinha ,que apesar de dar o dôce mel, se provocada, reage, e dá picadas.
Assim sou eu...
Assim são, tôdas as abelhinhas dessa grande Colméia chamada Irati que já foi Covalzinho tambem.
Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 20/02/2017 às 19h49
20/02/2017 19h17
Os primeiros passos em direção ao saber...
Foram eles, os mais decisivos de toda minha vida.
Quando aos 7 anos, pisei pela primeira vez na escola e começava ali,uma viagem sem volta rumo ao aprendizado,pois tudo que aprendemos, fica pro resto dos nossos dias em conhecimento e saber,
São coisas só nossas,um tesouro que ninguem consegue roubar;é como um escudo protetor, nos momentos mais decisivos,pelos quais haveria de passar,pois discernimento,é como um farol que ilumina os dias mais obcuros da caminhada, pela vida.
As primeiras lições na sala de aula,sob o olhar comovido da mestra querida,ficaram gravados como tatuagem na memória,pois era o primeiro passo para o conhecimento e um final pra ignorancia.
Ela se chamava dona Avany Martini Sebastião,e foi como uma luz aos meus olhos,tirando-lhes a escuridão,de quem desconhecia o mundo maravilhoso do saber.
Sucederam-lhe tantas outras mestras,como dona Isaura,dona Aurí,dona Neusa e dona Avany.
Coincidentemente,uma Avany me iniciou no aprendizado e a outra me diplomou,alem de ter me dado a fitinha de monitora da classe,titulo que encheu-me de alegria,pois jamais imaginava ser um dia escolhida.
Tudo parecia sonho pra aquela menininha miúda e qu ietinha,que mal abria a boca pra responder as perguntas,mas que tambem fazia travessuras,como no dia em que falsificou um bilhete, pra sair mais cedo da aula,por ter tido medo de ser examinada e acharem piolhos em sua cabeça...
Ao ser indagada que letra seria aquela,respondeu:
- É minha....
e continuou dizendo::
minha mãe não sabe escrever, ela ditou,eu escrevi...
Coisas de criança...era travessa, porem estudiosa o suficiente, pra nunca repetir o ano e ganhar um premio por ter passado em segundo lugar,causando muita alegria aos pais,que viam seus esforços recompensados.
A Formatura no final do ano, foi como um sonho de cinderela.
Dentro de um vestido cor-de-rosa,com rosinhas brancas,,sapatos pretos e meias brancas,laço de fita azul nos longos cabelos.
Apresentei-me diante da professora de canto,dona Rosemary Lopes,pra ensaiar o canto de despedida,cuja letra era assim:
''DIZENDO TRISTEMENTE ADEUS, A MINHA ESCOLA VOU DEIXAR
PARTINDO LEVAREI SAUDADES, JÁ COM SAUDADES PARTO A CHORAR
DA MESTRA BOA E CARINHOSA,LEVO GRATAS RECORDAÇÕES
DEIXANDO Á ELA NO MEU PRANTO,PROVA SINCERA DE GRATIDÃO
QUANDO LÁ BEM DISTANTE,DA TERRA ONDE NASCI
RECORDAREI SAUDOSA ,A VELHA CASA ONDE APRENDI.
A Bandeira hasteada junto á qual, perfilados cantava-se respeitosamente o HiNO DA BANDEIRA...
O páteo do recreio, sempre cheio de risos e correrias, nas brincadeiras de roda,
e quando a sineta anunciava o final de mais um dia de aula,carregando a sacolinha de cadernos, passava em frente á cantina, onde muitas vezes quis entrar pra comprar um dôce....lembranças que aquecem meu coração.
Dos colegas,dos quais lembro um a um, como:
Luíz Alberto Carvalho,Bruno Rotta Junior,Antonio João Bini
Clarice Catta Preta Saboia,Maria da Gória Rocha de Oliveira
Leda Mara Camargo,Eduardo Canziani,Gladis Bini,
Amim Abill Russ,Valdir Abill Russ,Maria de Lourdes Sampaio,
Iara Dusczack, Cezar Ferreira, Marilena Azevedo,Herculano Varella
Ronilda Neves,Osvaldo Viana,Odair Moselle,Raul Zeni,William Ávila
Douglas Bitencourt,Sonia Maria Sadock de Sá, Maria Chilaenko
Agostinho Zarpellon,Leonilde Zarpellon,Edson Stelle Teixeira
Suzana Strujack,Dalzira Dornelles,Maria Lúcia Araújo,Maria Lucí Mendes
Meu primoJuarez Viante e Vera Lucia dos Santos, com a qual fazia as lições em sua casa,nos finais de tarde.
Doce é recordar!
Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 20/02/2017 às 19h17
19/02/2017 12h58
Causos e prosas
Essa a oportunidade que esperava...
Falar das coisas místicas da minha cidade natal, é como voltar á infância sentada naquele banco tosco de madeira,todo final de tarde,pra ouvir histórias de Lobishomem e Boi-tatás.
Corriam os anos 50´60
Meu avô Hipólito,sentado naquele banco, com uma das pernas erguida,como era do seu costume.
Iniciava assim as narrativas arrepiantes desses lendários personagens, que pouco a pouco, iam tomando formas e aterrorizavam o nosso imaginário mundo infantil.
Calada e sempre atenta as conversas,ficava ao lado da minha avó, com aqueles seus olhinhos azuis brilhantes,limitava-se apenas a ouvir, enquanto segurava a cuia de chimarrão,que passava de mão em mão.
Aos poucos iam chegando as visitas de sempre e ''seu Dinarte era sempre o primeiro chamado ''Lobisomem-mor''.
Era assim que meu avô o saudava.
Logo chegava também o Godofino,outro lobisomem da ''tiurma'' e outros mais iam se achegando, como era de costume, todo final do dia.
Todos tinham cadeira cativa ou melhor dizendo, banco cativo, naquele corredor, onde imperava meu avõ,o contador oficial dos causos.
Um Forrest Gump da época...
E la vinham mais ''ouvintes:nho Prestes,Brasilino,Godofino,Juvenal mole,Sabiá,CandinhoCoruja,Saruva,Boludo,Picacove,Nho Kandal e tantos outros.
Iam se sentando,formando a Roda de Causos.
Meu avô com seu jeito peculiar de causeiro,iniciava a rodada,contando coisas que aconteceram na Lapa,lugar onde nasceu,ainda bem antes da abolição da escravatura.
Menino ainda, chegou a conhecer a Princesa Isabel,em uma visita á cidade paranaense da Lapa.
Menino arteiro,foi anos afora, contando á todos o que de fato presenciara,mas os causos de Lobisomem e boi -tatá,eram seus causos e prosa favoritos.
Contava ele, com ar de medo,que certa vez encontrou um boi-tatá na mata fechada e que soltava fogo pelos olhos!
Ao aproximar-se, o bicho saiu rolando,feito um tatu bola.
No dia seguinte, retornou ao mesmo local,com intenção de rever a assombração,mas qual nada...
Tudo que vislumbrara foram apenas sinais das chispas, que o bicho soltara ao fugir...
Passou então a procurar por lobisomens.
Eram feios dizia ele, tinham aparência de homem e lobo,alem de terem orelhas enormes.
Dizia ainda, com aquele ar de quem estava acreditando na própria história.
E o público ficava lhe observando,de um modo meio desconfiado, porem todos como eu. acreditavam que o tal lobisomem,existia mesmo.
Não saia á noite, repetia ele, pois o lobisomem gosta da escuridão e o boi-tatá mais ainda, pois precisa da escuridão pra botar chispas pelos olhos.
Depois de muitas rodadas de chimarrão e paiovas de palha, terminada a sessão de ''causos'' ele despedia-se dos amigos rindo muito deles e os chamando de Lobisomens.
Estes causos povoaram meu imaginário de tal maneira, que toda vez que relembro meu avô,fico pensando:
Como ele sabia de tantos detalhes?
Cruz credo!
Dedico essa narrativa ao meu avô e padrinho..
HIPÓLITO GONÇALVES DE OLIVEIRA
Homem culto por natureza,aprendeu na escola da vida ,o que não aprendeu nos bancos escolares.
Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 19/02/2017 às 12h58
18/02/2017 21h53
A faroquinha da dona Gertrudinha
ELA ERA UMA FIGURINHA RARA:
FRÁGIL E DELICADA PELA APARENCIA PEQUENINA,MAS SABIA COMO NINGUEM, CONVENCER ALGUEM QUANDO QUERIA FAZER UM PASSEIO DO SEU AGRADO,NÃO IMPORTANDO, SE O TEMPO ERA DE SOL OU CHUVA.
ELA SEMPRE SURGIA DE REPENTE NO PORTÃO,COM SEU INSEPARÁVEL GUARDA CHUVA DEBAIXO DO BRAÇO.
PASSOS MIUDINHOS E APRESSADOS, APESAR DA IDADE,CHEGAVA NA CASA DA NHA CATARINA E SOLTAVA LOGO UM ‘’CONVERSÊ NO AR. MAIS FALAVA QUE ESCUTAVA, POIS SUA ORIGEM ITALIANA, NÃO LHE PERMITIA OUVIR MAIS, QUE FALAR.
GESTICULAVA TANTO,QUE MAIS PARECIA UMA MARIPOSA, SE DEBATENDO CONTRA A LUZ E A COMADRE PACIENCIOSA, A ESCUTAVA,ENQUANTO MEXIA NAS PANELAS SOBRE O FOGÃO DE LENHA.
A HORA DO ALMOÇO JÁ CHEGARA E DONA GERTRUDINHA, ´´PAPAGAIAVA´´ CADA VEZ MAIS.
QUANDO CHEGAVA, GERALMENTE ERA NO FINAL DO DIA, PRA VISITA COSTUMEIRA A VÓ CATARINA, A QUEM CHAMAVA DE COMADRE, E JÁ LÁ DO PORTÃO BRADAVA PRA MINHA MÃE :
- DONA LIDIA VENE QUI,SANTO DIO...
ERA ASSIM QUE ELA SE APRESENTAVA, QUANDO QUERIA BATER PAPO COM ALGUEM.
ENTRAVA DEVAGARINHO NAQUELE PORTÃO, COM A SUA SOMBRINHA SEMPRE A TIRACOLO, COM OU SEM CHUVA, ERAM INSEPARÁVEIS.
SENTADA JUNTO AO VELHO FOGÃO DE LENHA DA VOVÓ,TAGARELAVA SEM PARAR.
CONTAVA SEUS CAUSOS, QUE TRAZIA LÁ DO RIO BONITO,MUITO A VONTADE.
QUANDO DEMORAVA UM POUCO PRA APARECER, ACHAVA FALTA NELA,COM SEU LINGUAJAR ITALIANADO.
QUANDO VINHA POREM NÃO AVISAVA,CHEGAVA DE SURPRESA E PARECIA NÃO TER PRESSA DE IR EMBORA.
NAS HORAS PRÓXIMA ''DA JANTA ''VENDO MINHA AVÓ PREOCUPADA EM CIMA DAS PANELAS,DIZIA:
- NÃO SE PREOCUPE COMIGO COMADRE, PRA MIM SÓ UMA FAROQUINHA DE CARNE TÁ BÃO.
DAI VINHA A MAIOR PREOCUPAÇAO DA VOVÓ,FARINHA SEMPRE TINHA, MAS SE NÃO TIVESSE A TAL CARNE,O QUE SERÁ QUE SERVIRIA PRA DONA GERTRUDINHA?
O PROBLEMA,SEMPRE ERA ESSE,POIS FARINHA SEMPRE ERA ABUNDANTE, POREM A CARNE NEM SEMPRE VOVÓ TINHA.
ASSIM ERA DONA GERTRUDINHA,UMA SENHORINHA, QUE PARECIA TER SAIDO DE UM DAQUELES CONTOS,ONDE SEMPRE TINHA ALGUEM ASSIM FALANTE E ENGRAÇADA, QUE FAZIA RIR A TODOS.
Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 18/02/2017 às 21h53
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