Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
03/02/2017 23h44
A união faz a força

QUANDO CRIANÇA, PASSAVA LONGO TEMPO OLHANDO UM FORMIGUEIRO, E FICAVA INTRIGADA COM TANTA SOLIDARIEDADE ENTRE ELAS.AO PASSAREM UMA PELAS OUTRAS, SE TOCAVAM, COMO SE SAUDASSEM, POR MAIOR QUE FOSSE O FARDO QUE CARREGAVAM.
O TAMANHO DAS FOLHAS, GERALMENTE ERAM MAIORES QUE ELAS, E MESMO ASSIM, NÃO DESISTIAM, IAM EM FRENTE, SAUDANDO´-SE SEMPRE.


FICAVA IMAGINANDO, COMO SERIA LÁ NO INTERIOR DAQUELE FORMIGUEIRO E PODIA VISUALIZAR, UMA COMPLETA ROTINA DE ORDEM E DE AJUDA MÚTUA..
ENTRISTECIDA ME SENTIA, QUANDO LÁ VOLTAVA, E NÃO VIA MAIS AQUELE PEQUENO FORMIGUEIRO ,QUE ALGUEM, POR DESCUIDO, COBRIU COM OS PÉS, E PENSAVA::
´- QUANTO É INUTIL  O TRAABALHO DELAS..

.

HOJE PERCEBO, O QUANTO DE LIÇÁO PODEMOS TIRAR DESSA INGÊNUA OBSERVAÇÃO.
RECOMEÇAR SEMPRE... 


EM QUALQUER DIFICULDADE,PROCURAR OLHAR QUEM ESTÁ DO NOSSO LADO, COM MAIS ATENÇÃO.
POR MAIS ATRIBULADOS E MESMO CARREGANDO PESADOS FARDOS...SE NO REINO ANIMAL ISSO É POSSIVEL, PORQUE NOS SERES EVOLUIDOS, NO REINO DOS CHAMADOS HUMANOS, NÃO FAZEMOS O MESMO?


A DESCULPA POR VEZES É SEMPRE A MESMA;
NÃO POSSO AGORA...ESTOU COM PRESSA...NÃO TENHO TEMPO..
QUE TAL SE AO INVES, DE NOS PREOCUPAR TANTO, COM NOSSOS PROBLEMAS,OLHÁSSEMOS EM VOLTA, PRA  PODER NOTAR, QUE ALGUEM COMO A FORMIGUINHA ,CARREGA UMA CARGA MAIOR QUE A NOSSA.

A ISSO CHAMO SOLIDARIEDADEi

 

 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 03/02/2017 às 23h44
 
03/02/2017 23h30
Coisas da infancia

Comer um ovo inteiro no prato, era um privilégio de poucos:
geralmente tinha que ser dividido, em dois ou três pedaços
calçar um sapato de verdade era quase impossivel;
nos pés só alpargatas ou ''arigó''como era conhecido na época 
azeite na salada era raro; banha de porco era derretida e jogada sobre a salada
água de torneira então,nem pensar,
só água de poço com corda e balde.
rasgar palhas prá encher os colchóes
Lavar louças na gamela
fazer defumação pra espantar pernilongos, usando trapos queimados
acender os lampiões de querozene, nas noites sem luz elétrica
dormir nas tarimbas, improvisadas como cama
correr pra casa antes do pai chegar,era bronca na certa.
e  a mais dôce delas:

lembrar da figura da minha mãe ''trançando meus cabelos''

 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 03/02/2017 às 23h30
 
02/02/2017 21h36
Minha negrinha Darli (in memoriam)

Era assim que ela gostava de ser chamada,o que fazia realçar sua beleza ,naquela pele morena.
Morena faceira ,que gostava de passear sua beleza e sempre dava um jeito de arrumar um novo passeio.
Namoradeira,vivia flertando com os rapazes da cidade,porem só um deles foi sua grande paixão. O moreno Antonio.

Quando nasci,ela já tinha 4 anos e com certeza ficou feliz com minha chegada, me chamando de Nenê,que mais tarde, se transformou em Nêne.
Lembro das nossa brincadeiras,das nossas brigas de puxar os cabelos,do seu passarinho, que um dia o meu gatinho machucou.
Lembro tudo, ate mesmo da dupla que fazíamos, cantando a musica India, gravada pela dupla Cascatinha e Inhana.
Das sessões de cinema aos domingos, quando ficava esperando até o último instante,que me convidasse pra ir junto, mesmo que fosse prá ''segurar vela''
Lembro do moreno bonito que te acompanhava,e ficava feliz por você.
Lembro da sua paixão pelas músicas do Roberto,em especial Detalhes.
O tempo nos afastou muito cedo,após descobrir que era filha ilegítima se rebelou.
Veio pra capital e casou,não com o moreno bonito que deixou pra trás, e que bem mais tarde, confessou nunca ter esquecido.
Ficou sabendo então,a razão do seu nome ser a fusão dos nomes dos pais Darci e Lidia,resultando em Darli.
Lembro ainda de você ,cantando O Tango Penado 14, como Crooner do Leví e seu conjunto,nas noites da Difusôra, a nossa Radio Irati.
Foi com ela que aprendi a enfrentar a vida de peito aberto,  recusando o emprego na Farmacia Pessoa,em meu benefício.

Saudade é muito pouco, pra traduzir minha admiração pela Minha Negrinha.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 02/02/2017 às 21h36
 
02/02/2017 20h43
Uma casa cor de rosa com certeza

O sol costumava entrar com mais facilidade pelas frestas das paredes...
A chuva quando caía fortemente formava um corredor de águas que desaguavam lá embaixo na linha do trem e nas frias noites de inverno,os poucos agasalhos eram compensados pelo calor do fogo do tacho até o sol voltar a brilhar.5 horas da manhã as batidas das horas pelo guardião da fábrica mais próxima,anunciavam um novo dia nascendo.
Logo o cheiro do café no coador inundava o ar e a polenta frita na velha frigideira de ferro,ofereciam a primeira refeição do dia depois do chimarrão.
O azul do céu contrastando com o verde e rosa do pessegueiro em flor no fundo do quintal,onde um poço d’água descansava a espera da primeira manivelada do dia.
E na tina onde as roupas se acumulavam no molho a espera do enxágüe na lavação,enquanto numa bacia punhados de cinza e água ofereciam o alvejante chamado de ''água de quadra ''?? (leia-se água adequada).
O varal era de arame farpado que dispensava grampinhos e no forno de lenha,as brasas aguardavam o bolo de fubá e o pão de batata.
Ao longe o apito de um trem,que serpenteando sobre os trilhos avança qual fera ferida,trazendo vidas de idas e vindas em seu interior.
Era como uma visita fiel que nunca falha,sempre no mesmo horário e pelo apitar já se sabia que era chegada a hora do almoço.
Lá no alto a ''estratégica'...'como diziam os moradores daquela estrada lá encima na serra dos Nogueira,onde vez por outra,se avistava um caminhão transportando o progresso pelo morro onde reinava soberana a Santa da colina.
O ano do cinqüentenário se descortinava em comemorações no ano de 1957 numa linda festa e a família numerosa daquela casa rosa,cujo meio de transporte era uma bicicleta,também se preparava pra comemorar de alguma forma,conduzindo numa gaiota sorridentes criançada de caras suja(s)
Diferente era da família dos Rosa Ferreira,que tinham uma gaiota mais ''chic''estacionada num quintal,chamado ''Piquete'.'
No mais tudo era igual entre a garotada das cercanias,brincadeiras e sorrisos vez em quando uma briguinha e as mães bradando: 
''Pra dentro''
A noite chegava trazendo em seu manto os latidos distantes de cães vadios que se misturavam ás notas musicais do clarinete,preenchendo aquelas frestas como se dali vazassem todas,se espalhando pelo ar.
Como nos contos da carochinha ecoam essas lembranças até hoje em minha memória de Velha Senhora de 70 anos,que lembra da menina que ali viveu entre aquelas velhas paredes daquela pequenina casinha.
Tudo isso foi presenciado naquela casa Cor- de- rosa com certeza.
Ainda hoje costumo visitar em pensamentos aquele lugar que ficou para sempre gravado na memória...
Abro devagarzinho aquela porta de duas partes formando uma janela e um  portãozinho...
Entro e do lado esquerdo vejo o velho balcão de madeira onde se colocava o balde de água pra lavar a louça numa bacia esmaltada.
Ao lado,um caixão de lenha em frente ao fogão,iluminado por pequena janela de vidraça.
Do outro lado ficava o armário de guardar louças e a comida,não havia geladeira.
Passando pra outra peça da casa,vejo a salinha de refeição tão pequena que mal cabia uma mesa e rústicos bancos de madeira.
Ali também pequena janela de vidro iluminava aquela mesa...
Entrando no pequeno corredor que na infância parecia tão grande,encontro um tesouro:
A biblioteca do pai sempre fechada a chave,pra que a criançada não mexesse;um dia ele esqueceu de chavear e fui dar uma expiada pra ver o que ele guardava com tanto cuidado.
Logo vi o seu clarinete,as palhetas e partituras cuidadosamente guardadas junto com livros,relógios e moedas antigas.
O que mais chamou a atenção no entanto foi ver a lata de leite em pó ali escondida,pra evitar que a criançada avançasse e ate se engasgassem comendo escondido,o alimento do ultimo bebê nascido.
Ao lado da biblioteca ficava uma tarimba onde a criançada dormia.
Era tão pequeno aquele espaço que não tinha lateral e a tarimba ficava apertada entre as duas paredes e pra se subir ate a cabeceira,a criançada pulava pelos pés da cama improvisada e deitava naquele colchão de palhas.
Do lado direito ficava a porta que dava aceso ao ‘’quarto da mãe ''que certamente era aquele que mais gostava de ficar.
Parecia tão grande embora fosse pequeno e acomodado num canto esquerdo ficava a cama do casal tendo sempre ao lado um berço de ‘’cambotas’’pra embalar o ultimo bebê que chegara...foram 9 ao todos.
Em frente ao bercinho tinha mais uma janela de vidraça,da qual dava pra espiar a cozinha da vó Catarina,com seu fogão sempre fumegante.
Foram essas as coisas que vi e que amei a vida toda e agora já não mais existem.
As vezes me pergunto:
Por que ainda permaneci aqui,se tudo que amei já se foi, passou...


 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 02/02/2017 às 20h43
 
02/02/2017 00h33
Um ranchinho na pedreira

 


Logo depois que nasci, ainda no bairro do Aleixo,meu pai ganhou um pequeno lote, doado pela Prefeitura de Irati, por estar já trabalhando lá.
Minha mãe por certo, ficou feliz,pois ainda morava de ''parede e meia'' e ter o seu cantinho, era tudo o que mais queria.
Lá pelos meus 5 anos de idade,a meia água ficou pronta e mudamos.

Nossa vizinha mais próxima,era nha Chica preta, a mãe da Zulmira,uma moça que trabalhava pra familia  da Senhorinha Lopes, ainda nos tempos de namorados, do Tico e Mafalda.
Assim, Zulmira se tornou quase, como fôsse alguem da familia Lopes, por muitos anos.

Sempre que precisava sair,nha Chica era nossa babá, ate que a mãe voltasse.
Ainda hoje, apesar da pouca idade que tinha na época, lembro-me bem do seu rosto reluzente, sempre atento no cuidado das crianças.


Durou pouco porém aquela moradia, pra decepção da mãe, meu pai resolveu trocar o pequeno imóvel,por um corte de casimira e um pouco em dinheiro, pra tratar os dentes da esposa, que naquela idade, vinte e poucos anos,ja estava banguela.

Sempre que passava naquela região, ficava a olhar aquelas casinhas da Pedreira, pensando qual delas seria a nossa,e quem estaria nela morando agora.

Depois disso tudo,nunca mais tivemos outra casa que nos pertencesse,não fôsse a bondade do ''Seu Aleixinho, que nos acolheu com a mudança de volta.

Resumindo diria:

Que os dentes da minha mãe não duraram pra sempre, nem o terno de Casimira do meu pai tampouco, mas o lotinho com certeza, cresceu e prosperou ao longo dos anos.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 02/02/2017 às 00h33



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