Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Textos


A hora do morcego

Morando por uma temporada em Antonina, em busca de um clima melhor pra saude,muitas coisas chamam a atenção que nos prendem no lugar.

O desvario começa já na chegada a pacata cidade,cheia de belezas naturais, como se ainda dormisse o sonho explendido do seculo passado.

Seus habitantes, chamam a atenção pela forma bizarra algumas vezes,como se apresentam.

Alguns são acessiveis a um bom papo, outros porem desconfiados, logo se afastam temerosos.

Antonina recebeu atenção especial desde o imperio, quando Dom Pedro ll aportou na cidade, numa visita historica e mais recentemente foi cenario de um filme Sonhos tropicais, cuja historia original se passa no Rio de janeiro de outrora e foi representada no filme por Antonina, por lembrar a Cidade Maravilhosa daquela época.

Na verdade, de todas as cidades pequenas da região do litoral paranaense, Antonina se destaca de forma singela no seu bucolismo.

Tem seus casarões antigos como outras cidade, mas o ar antoninense é o que causa essa diferença.

Os capelistas são previlegiados, por nascerem numa cidadezinha incrustrada nas montanhas da serra do mar, cuja vista panoramica e deslumbrante.

Suas ruelas e suas ruinas se destacam, como a antiga Matarazzo, onde hoje existe uma exposição de carros antigos.

Do alto do mirante se avista toda a baia de Antonina, o que leva a pensar que lembra muito a baia da Guanabara antiga, sendo por isso escolhida como cenario de um filme.

Desde 1985 conheço Antonina.

Demorei muito pra vir ver suas maravilhas, porem valeu a pena, pois agora me tornei uma quase capelista tambem.

Costumava ir nas exposições que traduziam toda beleza encerrada naquela cidade de um bucolismo muito presente entre o passado e os tempos atuais

Seus antigos casarões, suas ruelas, o porto com o vai e vem dos navios, foram palco pras filmagens de uma época representando o Rio de Janeiro antigo:

Sonhos tropicais.

Retratar aquelas paisagens em telas pintadas ao vivo e a cores,tornou pra mim uma nescesidade, através do artista plástico R Haammes, meu esposo.

Não pude comparecer ao lançamento da vernissage em 1986, por motivo de uma gestação de risco, mas acompanhei de longe o sucesso do evento.

Antonina respira arte,poesia e cores:

Suas igrejas são belíssimas,seu povo carismáticos.

Na Ponta da pita ancorei o meu barco simbólico

Certa vez cheguei a dormir dentro do carro no quintal de um vizinho, só pra poder usufruir daquele lugar tão bonito e acolhedor que exalava imensa paz.

Mesmo assim, procurei voltar vez em quando, procurando fazer parte daquele cenario de cores;

''As cores de Antonina

Antonina de todas as cores''

Era também muito marcante, assistir um filme ao ar livre na praça principal, oferecida pelo amigo Bo

O Teatro municipal de grandes eventos, como as formaturas e homenagens

A rua próxima a fonte, onde vimos uma caminhonete bem antiga batizada de princesa...

São tantas as lembranças...

E os carnavais de Antonina então, são a expressão dos antigos carnavais de outrora.

São três dias de pura alegria, com suas alegorias brilhantes e coloridas

Muitos carnavais passei ali, mas também tive a felicidade de conhecer o Jair Rodrigues, num show maravilhoso.

Diversos artistas aportam em Antonina no período das férias.

As procissões, o teatro ao ar livre fazem de Antonina, um cenário de luzes, misturadas as suas cores.

Falar de Antonina, é sempre exaltar as belezas naturais de uma cidade litoranea. ela se destaca das demais pela sua simplicidade.

Antonina já foi administrada por uma mulher, que demosntrou o quanto o chamado sexo frágil é capaz de fazer por uma cidade que transpira não só  beleza, mas culturalmente, é muito elogiada por toda parte pelas festas populares que promove, e pela religiosidade do seu povo ordeiro, tanto do presente como do passado.

No passado existiu um poeta cantador chamado Bento cego, que recebeu uma estatua no centro da cidade de Antonina

Seus versos ecoam ate hoje na vida dos antoninenses

''Eu hei de morrer cantando

Cantando me hei de enterrar

Cantando irei para o céu

Cantando conta hei de dar''

 

Certa vez, fui convidada a participar de uma exposição beneficente, e fiquei encantada vendo o desprendimento daquele povo simples e generoso, que muitos conhecem como Capelistas.

Dali surgiram pessoas amáveis, como o seu Botica da antiga farmácia passada de pai pra filho.

Costumava ir nas exposições que traduziam, toda beleza encerrada naquela cidade de um bucolismo muito presente entre o passado e os tempos atuais.

Na poesia dos finais de tarde, fitava o vai e vem dos caranguejos no fundo do quintal, e a noite ficava sondando o vôo dos morcegos, querendo se aninhar em algumas frestas.

Sentia medo daquelas criaturinhas de ponta cabeça, mas no fundo sabia que elas eram inofensivas.

Ali também, tive a oportunidade de comemorar meus 70 anos, sem convidados, sem festas,mas feliz.

Bastava saber que estava na Pita pra me sentir feliz.

E aos domingos, depois de voltar da feira do Largo da ordem em Curitiba,comer um pastel na feira mar,era nosso passeio final de domingo.

As pessoas de um modo, geral são simples e até meio encabuladas pra conversar,com raras exceções dos pescadores, que gostam de se gabar de suas pescarias.

A abundancia dos sombreiros na região, favorece a proliferação dos morcegos devido a procura pelos frutos e assim, na hora do morcego no findar do dia, é a hora de fechar portas e janelas, senão o bichinho se aloja dentro de casa, e haja habilidade pra tirar dali.

A peleia se torna tão dificil, que o morcego quase ganha o round.

Todos os dias, religiosamente ele nos visitava, causando medo e curiosidade ao mesmo tempo.

Como sabia que aquele era o horário não sei dizer.

Suponho que era porque estava anoitecendo...

Certa vez, encontrei pelas ruas da Ponta da pita, uma figura que marcou época devido as suas mazelas alcolicas, chamavam de Zuzu, vivia cambaleando em busca de ajuda, pra continuar alimentando seu triste vicio.

Tudo isso acontecia em Antonina, belíssima cidade ao pé da serra, repousando a beira mar.

Seus moradores, gente simples e pacata do litoral, ficavam curiosos espiando um novo forasteiro que ousava ali morar.

Era como se fosse um intruso não desejado, que todos olhavam com certa desconfiança.

Com o passar do tempo porem, percebendo que os intrusos traziam em suas bagagens arte e beleza através das telas pintadas na beleza das paisagens antoninense, foram aos poucos se chegando, então assim mais próximos, se podia analisar suas personalidades.

 

Senhor Wilson

Um construtor que mais parecia aqueles galinhos de rinhas.

Foi quem construiu nossa morada.

Não precisou de muita ajuda, encarou sozinho.

Planejar, levantar e acabar uma casa, requer força de vontade e força fisica,

Força fisica nele era relativa ao seu tamanho,mas força de vontade não lhe faltava.

Assim,mais uma vez se comprova, que tamanho não é documento e que força de vontade, é tudo.

O João gostava de valentia, quando bebia.

E o Joca ficando feliz, quando seu Restaurante Cantinho de Antonina se enchia..

O Quiosque da Irinha, era muito requisitado noite e dia, e havia até um seresteiro a luz da lua, pra cantar e alegrar os corações enamorados.

O atleta corredor

Ele com seu porte fisico, me parecia ser militar, por isso vou chamar de Major.

Invariavelmente, todos os dias, faça chuva ou faça sol, lá estava ele na trilha que leva do centro da cidade, até a Ponta da pita, fazendo o seu cooper sem demonstrar nenhum cansaço.

Não é muito idoso, porem jovem não e mais, mas deixa na poeira da estrada qualquer jovem que queira acompanha-lo.

Sempre simpático saudando a todos com o seu ''Bom dia''

 

Um questionamento talvez coubesse aqui:

Não seria interessante, a juventude seguir os passos desse jovem senhor idoso e dedicarem mais tempo pro esporte.

Falta incentivo por parte dos representantes da cidade sim, mas a populaçao deveria ser mais exigente e participar mais, buscando seus direitos.

Parabens pelo belo exemplo Major.

 

O Bó era o mais intelectualizado do lugar e até conseguiu montar um cinema ao ar livre, na principal praça da cidade.

Em contrapartida, tinha também pela praça uma andarilha desprovida da sorte, que vagava pela cidade toda, dizendo coisas desconexas.

Também havia o Tá dormindo do lugar, um pobre ébrio largado a própria sorte, como se a sua presença enfeiasse a cidade, onde histórias de lobisomens e ETS ali corriam soltas.

Pra compensar as coisas tristes, havia um pedestal cheio de relógios antigos e atuais, como a insinuar que toda hora é hora, e que em qualquer tempo a vida deve ser vivida, mesmo com percalços.

Na Toca do lobo, um momento de descanso pra assistir a um bom filme, atraves da indicação do Clovis,proprietario da locadora.

Em frente a Toca do lobo, ficava a venda do seu mandioco, assim chamado pela grande procura da mandioca, que servia tambem como um pirão de farinha, pra acompanhar um peixe na brasa.

E havia tambem o Chico, um velho pescador sempre atento e disposto a ajudar alguem, caso surgisse uma emergencia

Mas quem mais se destacava pelas ruas de Antonina era ela, a Miss pita, que atraia os olhares por onde passava.

E o Jorge,sempre cuidando da sua marina de barcos, muito atencioso e gentil com todos os passantes da rua da praínha.

 

A noite porem era só dos morcegos...

Se alojavam nas frestas do casebre e tomavam conta do lugar, mesmo de cabeça pra baixo, deixando todos sem ação.

E quando chega aquela horinha do morcego, da uma lombeira tão grande que o jeito é dormir.

E assim a vida dos Capelistas vai passando...

Pra fugir daquela situação o jeito era passear na orla da Pita, e observar os novos moradores que chegavam

- Viver em Antonina é surreal...

Dizia alguem ao telefone pra outro alguem.

Voltei os olhos pro orelhão, e vi uma senhora falando nele,a qual passei a chamar de pitoniza.

Realmente.

Concordei com ela no mesmo instante. Morar em Antonina é realmente surrealismo

O povo parece que não anda,se arrasta.

Talvez por causa do clima tão quente, talvez por não ter pressa de nada, não sei.

O comercio todo fecha no horario do almoço, e alguns só abrem até a hora do almoço,como a Copel.

E assim a vida dos Capelistas vai passando...

Do alto do mirante a cidade se esparramava, ficando ainda espreguiçada, com seus veleiros balançando ao vento que pareciam cantar coisas do amor...

Diz o dito popular que quem ama o feio bonito lhe parece, e assim, também há beleza em tudo naquele pedaço do paraíso, que um dia me acolheu como forasteira errante.

Até os morcegos com seus vôos rasantes passaram a me encantar, bem como no manguezal lodoso e mau cheiroso, fazia emergir lindos caranguejos rastejantes, que tentavam se afundar no charco ao menor ruido, alheios ao fato que aquele solo daquela pequena cidade, já foi um dia visitada por Dom Pedroll.

Cidade histórica do Paraná, que fez jus a um cenário do filme Sonhos tropicais, retratando o Rio de Janeiro daquela época do império.

E os morcegos?

Possivelmente fizeram parte desse cenário também.

Extremamente histórica, essa cidade leva o nome em homenagem ao Principe da Beira Dom Antônio de Portugal no ano 1797.

ANTONINA É O SEU NOME

 

FIM DE INVERNO EM ANTONINA

O CÉU ESTRELADO

ESTRELAS CADENTES

SOL ABRASADOR!

ASSIM COMEÇA A DECLINAR, O FRIO E SISUDO INVERNO DE 2015

LOGO A PRIMAVERA RESPLANDECE,

TRAZENDO CONSIGO NOVAS FLORES E NOVOS AMORES

DE TODAS AS ESTAÇÕES DO ANO ELA É A MAIS ESPERADA

TEMA DE CANÇAO, SONHOS DE VERAO QUE SE ANTECIPA

NO AR JÁ OS PRIMEIROS ACORDES DA ESTAÇÃO DAS FLORES

NOS CORAÇÕES A CERTEZA DE GRANDES AMORES

ADEUS SISUDO INVERNO

 

BEM-VINDA PRIMAVERA QUERIDA

COMPANHEIRA DOS MEUS DIAS

QUE CONTEMPLA COM SAUDADES

A BELEZA DO OUTONO NOS SEUS DIAS TÃO SERENOS

COM SEU CÉU DE ABRIL TÃO LINDO!

 

Memórias de uma abelhinha de Irati

 

 

 

 

 

 

 

 

Memórias de uma abelhinha de Irati
Enviado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 13/07/2025
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