Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
02/08/2017 04h51
Superação é meu codinome...

Mãezinha,depois que você foi embora, todos me voltaram as costas, vou continuar a caminhada, pois superação é o meu codinome.

 

Minha vida toda, foi marcada por extrema superação,como: Desemprego, doenças e violências.

'Vinda de uma cidade que parecia uma aldeia, comparada a uma cidade grande muitas vezes pensei voltar,mas como abandonar aqueles pelos quais me sentia responsável.

Foram  muitas as noites insones debatendo entre  razão e o coração,entre o ir  ou ficar.

A vida me arrastou por caminhos tão difíceis, que muitas vezes pensei em fugir dela, daquela vida, mas como fugir de mim mesma?

O sofrimento lapida nossa alma,,isso aconteceu comigo o tempo todo, pois quanto mais me esforçava, mais era menosprezada por pessoas que se serviam da minha ajuda financeira

 Ao conseguir novo emprego no moinho Curitibano. após ser demitida da Telepar. começou o período  mais difícil,trabalhando em troca de macarrão, trigo e bolacha,nada ou quase nada recebendo do pagamento no final do mês.

Naquela época não tinha TV(comprei a primeira colorado RQ preto e branco) nem geladeira em casa e a comida requentada na marmita muitas vezes azedava .Certo dia decidida a mudar meu rumo pedi demissão daquele lugar escravizante, onde era obrigada a fazer um trabalho pesado demais pras poucas forças físicas que tinha

Foi nesse período que pensei fortemente na morte como solução e ao deixar um bilhete sobre a mesa,sai sem rumo decidida acabar com tudo.

Lembro da aflição que causei no olhar azulado da minha mãezinha,quando de repente voltei disposta a continuar vivendo,apesar das carências e do desamor.

Recomeçar era preciso mas como, se não tinha meios de buscar novos empregos, pois o dinheiro já pouco, não me permitia gastar em condução e assim, passei a procurar serviço indo a pé para o centro da cidade.

Voltava cansada  mas nunca desanimada,a batalha de uma guerreira não acaba no primeiro NÃO e muitos não viriam pela frente.

Finalmente, uma luz no final do túnel apareceu e uma nova oportunidade de trabalho surgiu, mas que durou pouco.

 Afônica, perdi a voz e o emprego também.Enquanto chorava no último dia do aviso prévio, apareceu um anjo em forma de mulher na minha frente e perguntou porque chorava.

Ergui os olhos e vi aquela criatura que nunca vira antes, mas que era uma pessoa influente na Telepar de Curitiba.

Por entre lágrimas contei a ela meu drama e com um sorriso de encorajamento  encaminhou pra um emprego nas Lojas HM,onde vim a conhecer  Amelia a melhor amiga, que um dia  me levaria pra conhecer o mar de Guaratuba.

Fiquei pasma diante daquela imensidão do mar e nos tornamos amigas pra sempre.

Novamente afônica, fui aconselhada a pedir pra sair já que a voz era minha ferramenta de trabalho;De novo recomeçaria ao entrar naquela fila enorme de candidatos no SINE.

A fila era grande mas o emprego foi meu.

Recomeçaria a trabalhar agora já com um projeto de voltar a estudar;.

Era a vida me resgatando de novo e tudo corria bem ate que numa noite ao voltar da faculdade, fui assaltada a mão armada, surpreendida por alguém e a partir daí, traumatizada  pense de novo em desistir da vida.

Ponderei não valer a pena morrer e comecei tudo de novo, agora já tinha um novo rumo estudando e não desistiria.

Voltara a estudar após tantos anos e queria mais que nunca mudar de vida e virar aquele jogo de pobreza e miséria, que parecia favorecer a todos menos a mim. 

E foi durante a apresentação de um concurso literário, onde fui premiada com o primeiro lugar na escolha do melhor slogan do Positivo, que fiquei conhecendo aquele que Deus me reservara pra companheiro de vida;e a amizade inicial foi pouco a pouco, se transformando em algo mais forte e o amor surgiu da convivência diária.

Foi dele o braço amigo que me amparou nos momentos de  aflição e angustia,quando passando por assalto fui acusada de farsante e mentirosa, que inventara aquela historia toda, pra poder sair de casa e assim, se ver livre da família.

Ferida como um pássaro sem asas, alcei vôos mesmo assim e segui adiante em busca do futuro, ate chegar o momento abençoado do primeiro filho.

Tive essa revelação de que seria mãe aos 40 anos, sentindo um aroma de um perfume de rosas que parecia sair de dentro pra fora,ao fazer uma oração.

Senti- me abençoada, pois já não estaria mais só.

As dificuldades financeiras só aumentavam com a chegada daquele ser maravilhoso, isso só motivava a lutar cada vez mais.  

De repente a surpresa;

Novo anjo chegaria em nossas vidas e aos 42 anos me senti premiada de novo pela vida.

Desta vez a alegria veio vestida no tom- de-rosa que muito nos alegrou.

Afinal chegara de forma inesperada e conquistou nossos corações pra sempre.

As despesas triplicaram a partir de então, pois aos dois meses de vida foi descoberto uma hérnia naquela menininha e era preciso fazer cirurgia.Foi dolorosa demais aquela fase, não fosse a ajuda preciosa do Dr.Miguel Pessoa, sempre presente e que tomando ela nos seus braços,levou pro centro cirúrgico do Hospital Pequeno Príncipe e a operou,enquanto inconsolável voltava pra casa, sem poder ficar junto naquele Hospital.

Há pessoas que passam pela nossa vida assim como anjos enviados por Deus pra nos dar a mão na hora e no momento certo e o Miguel foi uma delas.

Uma amizade que começou la na juventude nos balcões da farmácia do seu pai João Pessoa, e  que veio refletir futuramente após longos anos, nos corredores frios de um Hospital pediátrico.do Pequeno Príncipe.

O reencontro fora inesperado, buscava um pediatra pro primeiro filho e acabei indo consultar com ele, pensando tratar-se do seu tio Plínio, também  medico de crianças e qual não foi a minha surpresa ao revê-lo e isso me encheu de recordações tão lindas de uma juventude perdida, mas repleta de boas lembranças.

Á ele  MIGUEL ANTONIO ANCIUTTI PESSOA eterna gratidão. 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 02/08/2017 às 04h51

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