25/07/2017 21h04
Desabafo
Você vai apodrecer na cadeia,você e o teu Polaco... Essas palavras ainda ressoam na mente,como se fossem gravadas á fogo. Fragilizada em meus sentimentos pela morte da mãe querida,caí na armadilha daqueles que um dia ajudei a criar e cuidar a custa de muito sacrifício e penúria. O rancor estampado naqueles rostos crispados de raiva,,que de dedo em riste me acusavam,causou uma enorme tristeza em meu coração. Parecia que o que menos doía pra eles, era a perda da mãe querida,tão recente ainda,me parecendo um bando de chacais furiosos, prestes a devorar o que dela restara financeiramente, esquecendo que a vida toda lutei rente ao seu lado. Não fui apenas uma filha,fui mais que isso,fui sua amiga e companheira de viagem, uma viagem longa e dolorosa,que durou 92 anos. A dor da perda foi grande mas a dor da ingratidão pesou bem mais,pois a cada um deles estendi a mão em algum momento da vida. Ao Ailton socorri num momento financeiro difícil na oficina,comprando o piano pra que pudesse saldar dívidas. Ao Admar sempre dei minha ajuda financeira quando cheguei a Curitiba,já transferida da Telefônica de Irati,cheguei trabalhando, não dei despesas indo morar junto no velho casarão do seu Pedro Geronasso. A Rute muitas vezes dei o dinheiro pra pegar o onibus evitando assim que pedisse aos estranhos,como o Bar do Renato no tempo das vacas magras. Ao Binho ajudei a sustentar quando ainda tão jovem esperava pra servir a Patria, numa idade de arrumar confusões. O Aurélio e a Sandra ainda pequenos mantive com muito esforço na escola Leôncio Correia,alimentado e cuidando de todos com o pouco que ganhava, no Moinho Curitibano onde trabalhava todos os dias a pé,levando a marmita requentada,por não ter ainda uma geladeira. Quantos sacrifícios, que hoje me parecem que foram em vão... Resta o consolo de saber que pelo menos a Leda Mara não voltou as costas porque sempre foi mais sensível na vida e na arte. Tenho certeza que se viva fosse ,teria o apoio da Lili,que sempre me estendeu a mão, nos momentos difíceis da vida,como quando fui expulsa do quarto, pra dar lugar pro Admar. Ficando sem rumo ela me acolheu num lugarzinho da sua modesta casinha de onde só saí pra formar minha própria família,ao lado daquele que Deus me reservou, há mais de 30 anos casados. Á todos eles agradeço a oportunidade de ajuda-los um dia, mas é especialmente á minha mãe,o mérito da minha gratidão eterna. Foi por ela e pra ela que hoje posso dizer sem medo de errar,que valeu a pena carregar tão grande bagagem. Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 25/07/2017 às 21h04
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