Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
13/07/2017 21h27
Vida que segue...

 

Apesar das dificuldades financeiras, a vida seguia a passos lentos,sem pressa ouvindo o riso alegre daquelas duas crianças, sempre tão risonhas,que faziam valer a pena viver.

Bem cedo foram pra escolinha do Colégio São Francisco de Assis nas Merces,enquanto seus pais batalhavam no Atelie de pinturas,no Castelinho ao lado do colégio,onde ficava também o consultório do Dr Miguel.

Alem de cuidar das pinturas,carreguei junto a maquina de costura e aproveitava o tempo, pra costurar as roupinhas deles.

Nessa altura já dera pra comprar um fusquinha branco, que eles chamavam de Herbi e a volta pra casa no final do dia, era só alegria.

Morando de aluguel na Silva Jardim,penava pra pagar os estudos deles,e eu me desdobrava entre os afazeres domésticos e o atelie,num vai e vem diário que me enchiam de cansaço, mas me realizava numa missão cumprida..

Tudo corria bem ate chegar a ordem de despejo e não tinha pra onde carregar aqueles anjos,que alheios a tudo,continuavam sorrindo.

O jardim paranaense era tão afastado do centro,que diariamente pegava três ônibus pra leva-los a escola,e assim aos poucos fomos nos equilibrando,ate que veio o pedido de desocupar o imóvel de novo e então mais uma vez a mão poderosa de Deus nos levou a morar definitivamente na Rua Rei David,como um sinal das nossas preces.

De novo o sol voltara a brilhar em nosso caminho,agora ja não nos rondava mais o fantasma do desocupe e as crianças festivamente, dançavam e cantavam ao som das musicas dos Mamonas.

Cresciam a olhos vistos,dificilmente adoeciam,eram alegres e festivos como  o pai, que muitas vezes brincava com eles, como se fora um irmão mais velho.

De perto acompanhava tudo filmando, pra guardar pra sempre aquele período de infinita felicidade tão grande, que fazia com que esquecesse todas as lagrimas derramadas pelo caminho,até chegar até eles.

Passei pela dor da perda pelo aborto,mas fui recompensada depois e tudo apagou o sofrimento...

Hoje, apos todos esses anos vividos, já no final da vida,penso e repenso que tive a graça de ter mais alegria que sofrimento; o maior deles foi sem duvida alguma o atropelamento numa noite de sábado desde então confesso, que o dia de sábado me angustia ate hoje.

A segunda maior dor foi ver aquela filha tão amada,virar as costa e sair de casa,como se fugisse de pais algozes.

Sempre fomos pais presentes,diria até demais,literalmente,mas a ingratidão dos filhos é inevitável, e por mais que se doe, menos reconhecem.

Apesar dos pesares  a vida segue e como diz a canção'' caminhando e cantado sigo.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 13/07/2017 às 21h27

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