Ecos da memoria...
NO SILÊNCIO DA NOITE, AINDA OUÇO AO LONGE, O LATIDO DE UM CÃO QUEBRANDO A PAZ REINANTE....
ME VOLTO TODA PRO PASSADO,COMO SE ESTIVESSE AINDA NAQUELE PUXADINHO TÃO PEQUENO, ONDE MAL CABIA UMA CAMINHA DE CAMPANHA, APERTADA ENTRE AQUELAS QUATRO PAREDES, PRA DAR ESPAÇO PRA BACIA DE ZINCO, SERVINDO COMO BANHEIRA.
UM PEQUENO ARMARIO PENDURADO NA PAREDE PRA GUARDAR AS POUCAS ROUPAS QUE EU MESMA TEIMAVA EM FAZER, EMPRESTANDO A MAQUININHA DE COSTURA DA DONA ROSNIHA..
ALEM DISSO, ELA EMPRESTAVA TAMBEM ATÉ SEU RELOGIO DE PULSO PRA LILI CANTAR NA DIFUSORA, ONDE ELA ERA CROONER DO CONJUNTO MUSICAL DO LEVÍ.
ADORAVA COSTURAR...
GOSTO HERDADO DA BISA CRISTINA,QUE NA SUA MAQUININHA ZEPZEP, COSTURAVA DIA E NOITE. PRA VENCER AS ENCOMENDAS..
SÓ BEM MAIS TARDE,JÁ ENTÃO TRABALHANDO, PUDE COMPRAR MINHA PROPRIA MAQUINA DE COSTURA VIGORELLI ,DANDO FOLGA PRA ‘’MAQUININHA DA DONA ROSINHA’’ E PRESENTEANDO ASSIM MINHA MÃE, QUE PAROU DE ''COCHICAR AS ROUPINHAS NA MÃO.
QUANTO MAIORES ERAM AS DIFICULDADES, MAIOR ERA A DISPOSIÇÃO EM VENCE –LAS.
FOI SEMPRE ASSIM, POIS NADA NOS CAI DO CEU E SE ACASO DESISTIMOS NO MEIO DA LUTA, COMO FICAR SABENDO SE VALERIA A PENA OU NÃO TENTAR?
ATE MESMO EM CRIANÇA ,BRINCANDO DENTRO DAQUELA GAIOTA FEITA DE CAIXOTE DE MADEIRA, PERSEVERAVA QUE UM DIA TERIA UM CARRO PRA PASSEAR..
E NAS NOITES FRIAS DE INVERNO IRATIENSE, DEBAIXO DAS POUCAS COBERTAS QUE MINHA MÃE CHAMAVA DE ‘’TRAPIANGAS’’ EU SONHAVA COM OS COBERTORES QUENTINHOS DAS CASAS PERNAMBUCANAS..
MEU CODINOME SEMPRE FOI PERSEVERANÇA...
NADA NUNCA CAIU DO CÉU, E JAMAIS USEI DE ALGO ILICITO PRA VENCER E A VIDA ME PREMIOU,DANDO EXAGERADAMENTE 10 QUARTOS PRA COMPENSAR AQUELE PUXADINHO ONDE DORMIA.
MAS CONFESSO:
''O QUE NÃO DARIA PRA VOLTAR POR INSTANTES AQUELA CASINHA COR- DE-ROSA E ENCOSTADA AS PAREDES DAQUELE QUARTINHO TÃO PEQUENO,.FECHARIA OS OLHOS PRA LEMBRAR DO TREM APITANDO NA CURVA, COMO FERA FERIDA.E OUVIRIA DE NOVO O DOCE CHAMADO DA MÃEZINHA QUERIDA DIZENDO:
- VEM COMER UM CAVAQUINHO DE PÃO, QUE AMANHÃ É UM OUTRO DIA''...
QUERIDA MÃE...
VOCÊ É O ECO MAIS DOCE DE TODA MINHA VIDA
QUEM DERA FICAR ETERNAMENTE APRISIONADA NESSAS LEMBRANÇAS