10/04/2017 19h52
Dona Emilia
Depois de perder o crédito da caderneta no Armazém do Sabat,que ficava na Munhoz da Rocha em frente á Casas Pernambucanas,a solução veio do Armazém da dona Emilia e do ''seu Silvestre,que era bem mais longe que os Kasprzack. Antes de voltar pra casa depois do trabalho,meu pai passava lá pra trazer reforço pra ''janta.' 'Pendurava a sacola de compras na velha bicicleta e quando chegava não dava outra coisa;trazia toucinho de novo. Vez por outra vinha um pedaço de queijo,que era cortado cuidadosamente em finas fatias pra dar pra todos. Eu pouco ia lá, não pela distância, mas porque me tornara dona de casa enquanto a mãe trabalhava fora, escolhendo batatas e cebolas na Cerealista dos Hessel.Já era quase uma mocinha e ficava feliz em poder ajudar daquele jeito,lavando,cozinhado e dando banho de bacia na criançada,pra quando os pais chegassem,tudo estivesse em ordem. O amadurecimento precoce chegou dessa forma,e foi assim que me preparei pra vida futura. Dona Emília, foi uma pessoa que muito marcou,desde o do dia em que ao chegar em casa,depois de um dia de trabalho já na Telefônica, a encontrei junto com o seu esposo e o seu irmão Nelson, aguardando minha chegada,ao lado dos meus pais. Fiquei surpresa,afinal ninguém me avisara nada, e eles estavam ali agora, bem na minha frente e a minha reação não foi outra:Após cumprimentá-los,me refugiei no quarto pra descansar, e só mais tarde vim a saber que,aquele rapaz de família tão educada,fora me pedir em namoro. Talvez se tivesse sido comunicada antes,minha reação teria afinal sido outra, pois ainda não tinha namorado algum e aquele rapaz de boa família poderia ter sido o namorado ideal,tinha tudo pra ser um bom casamento,por isso me senti traída,como se me preparassem uma cilada. Depois desse acontecimento, não fui mais fazer compras lá na Emília,tomada de vergonha,mas sempre que podia minha mãe trazia minhas encomendas de lá,onde comprei o meu primeiro Slack azul de elenca e uma blusa linda de inverno,alem desse lindo quadro de Jesus no Monte das Oliveitas ,como presente no aniversario dos 18 anos. Tudo isso me fez sentir muito remorso que me deixou com mais remorso ,por ter agido daquela forma tão inesperada. Ironicamente,foi ela dona Emília quem mais me ajudou num momento difícil da vida,quando precisei vender a maquina de costura,pra sair de Irati. Á ela, que sempre me recebeu com um lindo sorriso, sempre que precisei, dedico essa homenagem,como prova de gratidão.,aliada ao pedido de desculpas ao Nelson,seu irmão, pela rejeição. Para sempre estarão em meu coração e no meu paladar, pois adoro o sorvete neval que fabricam.
Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 10/04/2017 às 19h52
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