Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
28/03/2017 20h31
Pelas ruas da minha cidade...

 

Nesse dia dos seus 105 anos, saio pelas ruas da minha cidade e as cenas vão se passando pela memória,como num filme nostálgico.
Impossível descrever todos os rostos que povoam minha memória,no passeio imaginário que faço nesse dia 15 de Julho de 2012.

São muitos...foram tantos.

Fecho os olhos e vejo através da janela da alma,dona JULIA e seu IRINEU GUIMARÃES, preparando a Festa do Divino, que por tres dias movimentará minha pacata rua SANTOS THOMAZ...
Saio rumo ao trabalho e pelo caminho,encontro o primeiro rosto que me sorri ao dizer-me:
- Bom dia...
Seu ALEIXINHO THOMAZ,um perfeito cavalheiro..

Sigo...
Passo em frente ao VESPEIRO do seu BEPE RIGONI, que atento atrás do balcão,olha por cima dos óculos sorrindo 
Ao seu lado dona GEMA ,sempre amável e sorridente, como todo italiano.
Lembro de alguns dos seus filhos,todos com a letra ''O'':
Orlene,Onice,Olinda,Odete e Osmar. 

Cumprimento á todos.
Porem as pessoas parecem não notar...

Na esquina do Banco do Brasil,avisto minha colega de escola CLARICE SABOIA, com suas irmãs CLEUZA e CLIO, dirigindo-se ao FOTO LYRIS, da CIDA e do AIRTON, onde pela primeira vez tirei uma foto,ou um retrato...

Ao dobrar a esquina da xv,,encontro ZINDER ESCULÁPIO, que me sorri ao cumprimentar e penso com meus botões:
Como é simpático.

Minha trajetória pós-serviço na telefônica prossegue.
Entro na SORVETERIA DO MALUF  e peço a SOFIA  um sorvete de chocolate..Observo ao redor e vejo o BIDUQUINHA numa das mesas, que olha-me com receio pois um dia, tentou pegar o litro de leite da ''LBA'' das minhas mãos de menina assustada..

Findo o sorvete, atravesso a rua xv  e vou na PANIFICADORA do WASILEWSKI comprar sequilhos.
Cumprimento o TADEU NOVACKI, pai da minha amiga LUCI..
Deixo lembranças á ela,ele sorri e agradece.

Subindo em direção á Prefeitura,encontro a ELVIRINHA e o DR ROSINHA,  um grande  talento na pintura das nossas paisagens iratienses,conversando animadamente com o JECA PESSOA, ao lado da esposa SOLANGE KAMINSKI,sempre gesticulando e sorrindo de bem com a vida.

Resolvo terminar meu passeio no MORRO DA SANTA e prá cortar caminho passo em frente a CASA SANTA MARIA.
Os olhos azuis de dona OLGUINHA ZENI parecem dizer:
- Como vai?

Na rua da Liberdade,ainda com os pés sobre os trilhos do trem,olho extasiada pra MOAGEIRA e avisto seu KOCH,com seus trinta e poucos anos ajeitando as máquinas dessa Empresa,que tanto progresso e orgulho nos trouxe...
Afinal nunca antes tivemos um prédio assim tão alto,que tornava nossas casinhas mais minúsculas ainda.
Quanta satisfação nos dava olhar aquela MOAGEIRA.
Não cansava de observá-la da janela da TELEFÔNICA e ficava tão embevecida,pois uma ''TUCUÁ'' do mato,como dizia meu pai,não estava acostumada com algo tão imenso diante dos olhos.

Já na RUA SETE, vejo alguns rostos amigos em frente a DIFUSÔRA...Conversam entre si e os reconheço de longe:
Seu DOCA LEITE, SANTORO NETO E MARCO...

Estico os olhos e vejo a figura de DONA ARMINDA e sua filha FLORA BEATRIZ ,minha amiguinha de escola.
Aceno á elas e começo a subir o MORRO.

Subo com dificuldades,pois nem escadaria ainda tem.
Lá no topo, depois da oração de agradecimento,sento-me num banco improvisado pra descansar.

Fico em silêncio,absorta,contemplando minha cidade do alto e algumas lágrimas rolam.

Foram muitas emoções num só dia.
De repente,alguém chega cuidadosamente e toca meu ombro;me volto assustada e só depois de algum tempo reconheço o seu JOSÉ BARUIO benzedor de mão cheia e coração também cheio de bondade, ao cuidar da SANTINHA, como guardião.

Aproxima-se,cumprimenta-me e pergunta pelo compadre ANTONIO e pela comadre LIDIA, meus pais. 
Respondo que meu pai continua tocando na BANDA 15 DE JULHO do CAPITÃO MARINHO PINTO e minha mãe faz algumas diárias pra dona TEREZA E MARIA POHL, de onde nos trás deliciosas peras nos finais de tardes oferecidas pela DÁDA e ELIZETE POHL ,além de trabalhar ainda na casa do seu FRITZ KOCH,onde ajuda dona GERTRUDES fazer um delicioso doce de marmelo no tacho.

Ele então me convida a visitar um dia a sua RITA., sua esposa.
Agradecendo o convite me despeço e recomeço a caminhada,rumo ás outras lembranças.

 

 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 28/03/2017 às 20h31

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