Alem disso tudo...
Costumava acompanhar meu pai,nos bailes de carnaval do Clube do Comércio,onde ele tocava seu clarinete até o sol raiar,afim de ganhar uns trocos extra.
Depois de um dia cansativo, como carpinteiro da Prefeitura de Irati, ele ainda tinha fôlego e disposição pra música.
Motivada com isso,passei a frequentar os ensaios aos sábados na Difusora, e então um dia, tomei coragem e subi no palco, pra cantar Filme triste, sem imaginar como seria minha vida a partir dali, afinal meu mundo era só ali,entre aquelas montanhas e campos verdejantes.
Desconhecia no vai e vem do trem,outras cidades e sentada a beira da linha, ficava a imaginar, como seria o mundo no final dos trilhos,que se perdiam na curva.
O apito que ecoava naquelas curvas, pareciam anunciar uma promessa de vida nova e distante.
Mas como se desgarrar da cidade que nos viu nascer, sem sofrer?
E aconteceu o inevitável então.
A descoberta do primeiro amor e com ele, a decepção causada pela diferença de classes sociais.
Pra compensar deixara amizades compensadoras no primeiro emprego da Farmácia.
Inexperiente, sem saber ao menos atender um telefone, fui jogada na arena da vida, pra aprender que' 'quanto mais difícil o aprendizado,mais compensadora será a vitória.´´
E assim foi...
Vim e venci, com a ajuda de duas grandes amizades, das quais não posso deixar de citar os nomes:
Marica e Tereza Lopes.
A primeira me ajudou no vestir, dando-me de presente cortes de tecido das Pernambucanas, pra que pudesse vestir -me melhor e me levando vez em quando, no salão de beleza da dona Lucinda, onde sua filha Longines ajeitava os cabelos, que eram longos e passaram a ser curtos e jeitosos.
Alem disso,me presenteou com um blusão de lã, que ela mesma tricotou, na cor rosa pink.
Com tudo isso, ainda me emprestava seu radinho de pilhas pra que levasse pra escutar a noite em casa, desde que não deixasse de levar de volta,no dia seguinte.
Foi assim que devotei a ela enorme gratidão, pela vida afora.
A segunda, me incentivou sempre, dizendo pra nunca desistir dos meus sonhos,que devia lutar pra vencer barreiras, e que seria vitoriosa um dia.
Demonstrava gostar de mim, como gostava da sua irmãzinha que também se chamava Mirian e da qual falava com muito carinho.
Seu pai trabalhava na Estação ferroviária e era a simpatia em pessoa, o seu Marcilio Lopes, um ícone da cidade.
Tenho muitas saudades delas, e onde quer que estejam agora, minha gratidão será eterna por vocês minhas amigas.