Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
28/02/2017 17h42
Lagôa seca

Corria o ano 1962
Uma surprêsa estava prestes acontecer em minha vida, pois até então, nunca tinha saído de casa pra um passeio em outra cidade.
Meu mundo, girava alì em volta da minha mãe, e inesperadamente, a vida me ofereceu a oportunidade de conhecer outra cidade.
Como sempre costumava fazer,Tio Néu chegou de repente, em sua ''Chimbica',' trazendo junto tôda sua famíla, esposa e filhos.
Meu pai, ficou um tanto preocupado, em acomodar tôda aquela gente, numa casinha tão pequenina, já minha mãe ficou feliz, pela visita do irmão querido.
Foi uma pousada de uma noite só, pois no dia seguinte, seguiriam viagem á casa da Tia Izolde, que morava na cidade de Lagôa Sêca.
Na hora da despedida, o tio sempre bricalhão e risonho,inventou de pergumtar se queria ir junto com eles.
Fiquei meia sem jeito,pois nunca desgrudara da mãe, mas respondi que sim...

.E fui...Por ser pequena a Chimbica, a criançada se acomodou na carrouceria e o casal com o menorzinho,na cabine.
E lá se foram estrada a fora.
A tarde, o sol já se punha no horizonte, quando a Chimbica pifou, parou e não mais andou.
A preocupação tomou conta de tôdos, pois a comida levada já acabara, restando sómente margarina com açucar.
O Tio, agora já sem aquele sorriso costumeiro no rosto,mostrava preocupação e foi em busca de socorro, nos deixando por algum tempo, esperando na beira da estrada.
Voltou logo depois, pra nos levar pra um pernoite numa pensão próxima dali.
Nunca havia dormido fora até então, e a emoção daquela noite, nunca passou.
Pela manhã, tomamos o café servido pela dona da pensão e de repente, vi pendurada na parede, uma réstia de cebolas, e pensei no quanto minha mãe gostaría de ter uma daquelas.
Seguimos viagem.
Chegando na casa da Tia Izolde,tudo foi festa, pois lá tinha lugar prá tôdos e uma comida tão gostosa, que só ela sabia fazer.
Ao lado da sua casa, ficava uma Igrejinha, onde batizariam o pequeno Marcelino.
Tudo era encantamento prá mim, parecia estar vivendo um sonho, convivendo com tôdos aqueles treze primos.
Parecia ser motivo de festas, os passeios, as brincadeiras na serraría próxima,mas de repente fiquei apreensiva, pois não tinha levado muita roupa e na última hora, a prima Ione me deu um vestido dela, porém era muito comprido e precisava reformar.
Pedindo agulha e fio ás Tias, me tramei a costurar a barra daquele vestido godê azul marinho, com gravatinha branca, bem no estilo anos 60.
Me sentia a própria Cinderela, ao desfilar com aquele meu vestido novo, tão lindo, do qual até hoje sinto saudades.
Esse foi o segundo vestido que ganhei.
Logo depois, dona Talica, um dia me chamando no portão da sua casa, me deu um vestido da sua filhinha lurdinha.
Fiquei tão faceira, que nunca mais deixei de usar aquele vestidinho de bolinhas, o qual vestia tôda vêz que ia levar café pro meu pai ,lá no Morro da Santa, ainda em construção.
Ficava orgulhosa por estar bem vestida, graças a bondade daquela vizinha nunca esquecida.

 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 28/02/2017 às 17h42

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