Eram dois irmãos;filhos do Amantino Banha,por isso eram conhecidos assim pelo bairro,:Banhão e Baínha.
O Banhão se chamava Dirceu e o Baínha,Juarez.
Crescemos juntos,pois nosso bairro mais parecia uma pequena aldeia,onde tôdos sabiam de tôdos,das suas dificuldades,das suas conquistas ou fracassos.
Desde muito cedo, eles começaram trabalhar batendo caixas na fabrica do Aleixo,pra armazenar batatas do depósito.
Isso era constante,pois batatas em Irati era o que mais tinha,por isso, trabalho não faltava prá piazada e até eu mesma,de vez em quando, dava uma mão pro Tio João, pai da Sirlene.
Era ele quem supervisionava e pagava,na hora de entregar as caixas prontas.
Ao completar seus 18 anos,Banhão estava radiante,pois iria prestar o Serviço Militar em Curitiba, seu sonho era ser bombeiro.
Certo dia,ao passar por ele,debruçado numa janela,me viu fumando e me repreendeu dizendo:
Não fume,faz mal pra saúde e completou:
Eu quero viver bastante,vou ser bombeiro na capital, pra dar uma casa prá mãe Noêmia.
Meio sem jeito, sorri prá ele e desejei boa sorte.
Tempos depois, ele foi em busca do seu sonho;
passado algum tempo, veio a trágica noticia da morte do Banhão,num acidente fatal,ao cair do caminhão,numa ocorrência de socorro.
A comoção pelo bairro foi geral, ao ouvir os gritos desesperados daquela mãe,cujo filho foi em busca de uma casa pra ela e voltava dentro de um caixão.
Baínha ficou só, restara ele porém, pra continuar ajudando aquela sofrida mulher.
O legado que ele lhe deixara, foi cumprido finalmente.
Com o dinheiro do seguro recebido,pode então ela, dona Noêmia, comprar sua casinha a beira da linha,onde cada vez que passava pela Rua Antonio Lopes, bem próximo a Laminadora,lá estava ela na janela.
Olhar perdido no horizonte,como se estivesse vendo aquele filho querido, que a vida lhe dera e a morte levou, ainda tão jovem.
Certa vez parei pra conversar e ela me disse:
A vida é assim mesmo polaquinha...era assim que as vezes me chamava.
Meu Banhão foi embora,mas foi feliz, ele queria tanto ser bombeiro.