Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
25/02/2017 21h41
O barracão...

Quantas histórias couberam ali,naquele barracão da fábrica do Aleixo.
Era tão grande,que ao circular por ele,parecia não ter fim,com seus trilhos de vagonetes,que vez em quando carregavam a criançada,em direção á serraria.
Não foram poucas as vêzes que tambem fiz essa proesa, sem imaginar o perigo que rondava, caso descarrilhasse.
Gostava muito de sentar-me sôbre uma pilha de madeiras,pra ver tudo lá do alto, enquanto não chegava um novo caminhão de outras serrarias,pra ali descarregar.
Vez e outra, pairava ali um ar festivo, quando então chegavam não sei de onde,um grupo de ciganos ou bugres,que ali acampavam, tornando nosso pequeno Bairro aldeia mais alegre, saindo da monotonia...
Eles dançavam e cantavam até altas horas, como se nada os incomodasse e não tivessem problema algum.
Ali também era o ponto de encontro dos casais enamorados, que na inocência dos anos 60, davam as mãos, com certa timidez e muito brilho no olhar, como a querer dizer que já era o bastante.
Muitos ali marcavam se encontrar  pra trocar ''gibis'', como faziam o João Pedro e Orlando, os filhos da dona Hilda,uma mulher valorosa, que criou sozinha seus 6 filhos com o pouco recurso que ganhava, escolhendo batatas nas Cerealistas.
Tambem eu, costumava emprestar revistas da Lurdinha da ´´nhá Rosinha´´,uma valente baixinha,que sofria as consequências de um marido alcólatra, o seu Quinzinho.
Em dezembro de 1961, quase perto do natal, ocorreu o grande incêndio do Gran Circo Americano em Niterói, e a manchete na revista O Cruzeiro, passou de mão em mão ali naquele barracão.
Foi nessa mesma época, dias depois, que uma tragédia local aconteceria ali,entre aquelas pilhas de madeiras,quando uma delas desmoronou, e matou uma inocente criançinha, que ali brincava,um garotinho chamado Guchinho.
Além de ter ferido em outra ocasião, o Leta, o filho da nha Dula, que caiu do vagonete em disparada, ficando com cicatrizes pra sempre no rosto.

O tempo correu célere...
''o barracão não mais existe,mas suas histórias, povoadas de lembranças,ficaram pra sempre gravadas, em minha memória''


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 25/02/2017 às 21h41

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