Todo final do de tarde, meu pai costumava ler o seu jornal.
Então, mandava que fosse até a fábrica dos Varella, pegar com seu Alexandre Buckmann,que após ler o dito cujo, gentilmente repassava o exemplar pro pai.
Nunca soube entender direito, aquela troca de leitura do mesmo jornal,porem de duas uma:
Ou o pai não gostava de comprar ou então,vinha de outra cidade,especialmente pro Buckmann.
Costumava ler os jornais da época, como A Tribuna, mas aquele era realmente muito especial, a ponto de não falhar um dia sequer.
Na primeira vêz que cheguei nos Varella, fiquei intimidada com a figura daquele Senhor distinto,que me olhava sem entender o que fazia ali.
Conseguí dizer baixinho:
-Vim pegar o jornal.
E ele sorrindo da minha timidez,entrou na sua sala e voltou, com o misterioso jornal, que rapidamente peguei e saí correndo, quase tropeçando nos passos.
Justo naquele dia,estava usando pela primeira vêz o vestido de bolinha, que ganhei da dona Talica, a mãe da Lurdinha.
Ele me serviu direitinho...como se fosse feito sob encomenda.
Sempre me lembrarei com gratidão e muita saudade, daquele vestidinho de bolinhas.