Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
24/02/2017 17h11
Rosilda,Ronilda e Ronaldo

Esses três nomes, marcaram de forma indelével minha vida, na infância.
Sempre escutei nas conversas com minha mãe,sobre dona Iracema e seu Jeremias, que eram seus conhecidos do tempo de solteira.
Ficava fascinada com aquelas narrativas,tão reais, que faziam que voltasse ao meu tempo de escola, e lembrasse da Ronilda, na sala de aula do Grupão.
Era um dia comum, como tantos outros mas havia no ar, um clima de certa apreensão,como se de repente,alguma coisa pudesse ou estivesse pra acontecer.
E aconteceu...
Sentada na carteira ao meu lado,de repente a professora chamou a Ronilda,uma menininha tão graciosa,que mais parecia uma boneca andante,com seus longos cabelos presos numa trança.
Fiquei atenta ao que acontecia, porem só ao chegar em casa, soube o porque daquela saída dela da sala, antes do final da aula.
Sua irmã Rosilda ,acabara de falecer pelo suicídio.
A comoção tomou conta da escola e da cidade, pois todo mundo conhece todo mundo,numa pequena cidade.
Fatos assim, acabam se alastrando rapidamente, como vento na campina.
Não demorou pra sair um boato da causa de tão trágico gesto.
Aquela moça ainda tão jovem, decidiu morrer por um amor não correspondido,dedicado ao jovem rapaz, que segundo comentavam, jogava em um dos times da cidade, e que cujo filho mais tarde, ironicamente,também cometeu suicídio.
Fiquei compadecida,e toda vez que via a Ronilda,lembrava da Rosilda e entristecia, a cada vez que o caso era comentado com minha mãe.
Vez por outra encontrava o Ronaldo, cabisbaixo,como se sentindo incapaz de suportar tão grande perda.
Mais tarde passei a ver a família freqüentando o Centro do seu Bira e da dona Dica, encontrando  ali consolo, pela ausência da filha querida.

Antes disso,Irati já fora abalada com outra tragédia da família Harmuch,que segundo ainda contava minha mãe,foi praticada por um assassino cruel,e  da qual só escapou uma criança, porque a empregada pulando a janela e correndo  salvou,pedindo ajuda.
Exposto no cemitério, o bandido abatido pela policia, muitas pessoas pra lá acorreram,pra ver de perto, tão frio malfeitor e entre esses curiosos,estava minha mãe,testemunha ocular desse fato terrível.
Uma cidade como Irati,nossa cidade amada tão calma no seu cenário bucólico,foi palco desses fatos horrendos,marcado por dores e lágrimas.
Em compensação,tivemos pessoas altruístas e dedicadas ao bem comum,como o Dr Fornazari e Santa Leite.


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 24/02/2017 às 17h11

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras