Memórias de uma abelhinha de Irati

Tudo vale a pena quando a alma não e pequena

Meu Diário
18/02/2017 21h53
A faroquinha da dona Gertrudinha

 

ELA ERA UMA FIGURINHA RARA:
FRÁGIL E DELICADA PELA APARENCIA PEQUENINA,MAS SABIA COMO NINGUEM, CONVENCER ALGUEM QUANDO QUERIA FAZER UM PASSEIO DO SEU AGRADO,NÃO IMPORTANDO, SE O TEMPO ERA DE SOL OU CHUVA.

ELA SEMPRE SURGIA DE REPENTE NO PORTÃO,COM SEU INSEPARÁVEL GUARDA CHUVA DEBAIXO DO BRAÇO.
PASSOS MIUDINHOS E APRESSADOS, APESAR DA IDADE,CHEGAVA NA CASA DA  NHA CATARINA E SOLTAVA LOGO UM ‘’CONVERSÊ NO AR. MAIS FALAVA QUE ESCUTAVA, POIS SUA ORIGEM ITALIANA, NÃO LHE PERMITIA OUVIR MAIS, QUE FALAR.
GESTICULAVA TANTO,QUE MAIS PARECIA UMA MARIPOSA, SE DEBATENDO CONTRA A LUZ E A COMADRE PACIENCIOSA, A ESCUTAVA,ENQUANTO MEXIA NAS PANELAS SOBRE O FOGÃO DE LENHA.
A HORA DO ALMOÇO JÁ CHEGARA E DONA GERTRUDINHA, ´´PAPAGAIAVA´´ CADA VEZ MAIS.  
QUANDO CHEGAVA, GERALMENTE ERA NO FINAL DO DIA, PRA VISITA COSTUMEIRA A VÓ CATARINA, A QUEM CHAMAVA DE COMADRE, E JÁ LÁ DO PORTÃO BRADAVA PRA MINHA MÃE :
- DONA LIDIA VENE QUI,SANTO DIO...
ERA ASSIM QUE ELA SE APRESENTAVA, QUANDO QUERIA BATER PAPO COM ALGUEM.        
ENTRAVA DEVAGARINHO NAQUELE PORTÃO, COM A SUA SOMBRINHA SEMPRE A TIRACOLO, COM OU SEM CHUVA, ERAM INSEPARÁVEIS.
SENTADA JUNTO AO VELHO FOGÃO DE LENHA DA VOVÓ,TAGARELAVA SEM PARAR.

CONTAVA SEUS CAUSOS, QUE TRAZIA LÁ DO RIO BONITO,MUITO A VONTADE.
QUANDO DEMORAVA UM POUCO PRA APARECER, ACHAVA  FALTA NELA,COM SEU LINGUAJAR ITALIANADO.
QUANDO VINHA POREM NÃO AVISAVA,CHEGAVA DE SURPRESA E PARECIA NÃO TER PRESSA DE IR EMBORA.
NAS HORAS PRÓXIMA ''DA JANTA ''VENDO MINHA AVÓ PREOCUPADA EM CIMA DAS PANELAS,DIZIA:
- NÃO SE PREOCUPE COMIGO COMADRE, PRA MIM SÓ UMA FAROQUINHA DE CARNE TÁ BÃO.
DAI VINHA A MAIOR PREOCUPAÇAO DA VOVÓ,FARINHA SEMPRE TINHA, MAS SE NÃO TIVESSE A TAL CARNE,O QUE SERÁ QUE SERVIRIA PRA DONA GERTRUDINHA?
O PROBLEMA,SEMPRE ERA ESSE,POIS FARINHA SEMPRE ERA ABUNDANTE, POREM A CARNE NEM SEMPRE VOVÓ TINHA.
ASSIM ERA DONA GERTRUDINHA,UMA SENHORINHA, QUE PARECIA TER SAIDO DE UM DAQUELES CONTOS,ONDE SEMPRE TINHA ALGUEM ASSIM FALANTE E ENGRAÇADA, QUE FAZIA RIR A TODOS.

 


Publicado por Memórias de uma abelhinha de Irati em 18/02/2017 às 21h53

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras