LBA (Legião Brasileira de Assistencia)
Costumava buscar bem cedinho, o litro de leite doado pela LBA,na época da Leoni Fenianos,que sempre sorridente,atendia á todoscom um gostoso;
-Bom dia!
Inúmeras foram as vezes em que fomos nos consultar,com o Dr Vantroba,Renato e Farid.
Nas festas de final de ano,havia sempre um presentinho pra criançada.
Lembro-me, que ganhei um joguinho de panelinhas e ao chegar em casa, quis dar pra minha mãezinha, por achar que as dela eram velhinhas.
De certa feita, ao pegar o litro de leite bem cedinho, fui seguida pelo Pinduquinha.
Ele me fez correr bastante, até próximo a linda casa dos Zarpellon e quando já estava quase me alcançando,surgiu um senhor que botou o Pinduca prá correr.
Nunca fiquei sabendo,quem foi o meu herói naquele dia...
O período da infãncia, é como uma mancha desbotada em preto e branco que nem o tempo, distãncia e até mesmo a idade, consegue apagar.
Como esquecer por exemplo, o Dia de Páscoa,quando mamãe levantava no meio da noite, quietinha, pra encher os 8 pratinhos em forma de ninhos,com balas,bananas e ate caqui?
De chocolate não tinha quase nada, a não ser uns pequenos ''ovinhos coloridos''
Que sensação gostosa, pegar no dia seguinte aqueles ninhos e devorar tudo, como se fora os melhores chocolates do mundo,tomando o cuidado de ''disfarçar o segredo da mamãe coelha''.
As festas de Natal, tambem eram marcadas pela simplicidade, sem direito á Ceia com perú e outras guloseimas.
O pão caseiro fresquinho e o macarrão de casa, e uma galinha caipira bastava.
Na hora dos presentes, bem raros eram os brinquedos, sendo mais comum, ganhar uma peça de roupa nova.
Os brinquedos ficavam por conta da dona Dica e do se Bira, que bondosamente distribuiam ás famílias carentes, e assim, enchiam de alegria aqueles coraçõeszinhos tão carentes..
Uma boneca de verdade com lindos olhos azuis, nunca tive em criança,talvez por isso minha mãezinha me deu antes de partir, sua bonequinha trajada de alemãzinha, que ganhou de alguem um dia, e que guardo com imenso carinho por ela.
Mais tarde, quando fiz 18 anos, ela presenteou-me com um quadro de Jesus no Monte das Oliveiras, que desenvolveu em mim, o imenso amor que devoto á Ele.
Quando no seu leito de morte,inúmeras vezes a vi muda e cega, postar as mãos em oração.
lembrava daquele quadro e orava junto á ela, em pensamento.
''Minha mãe,minha santa querida''
Como sinal de gratidão, comprei na Auto Irati,uma máquina de costura pra ela não precisar mais costurar na mão, ou cochicar as roupas, como costumava falar.
Todas as roupinhas dos filhos, ela costurava na mão noite a dentro, pra vestir no dia seguinte.
Teve uma vez, que precisando levar a caçulinha no médico, sentou a criança em cima da mesa e costurou ali mesmo no corpinho, a calcinha salvadora.
A situação em familia porem, ficava mais dificil e a separação, não tardou acontecer.
Separados,meu pai se negava a prestar ajuda a esposa,que de repente adoeceu e precisou ser internada no Hospital São Vicente de Paula,em frente ao Bar do Bini.
Ele praticamente lavou as mãos, e coube á mim interna-la,não sem antes passar pela Delegacia da cidade, pra pedir autorização, por ser ''dimenor ainda.
Após o internamento,fiquei de plantão nos pés da cama da enfermaria,pra não deixa-la sozinha
Assim,nossos passeios de domingo, tornaram-se constantes naquele hospital de caridade, e foi assim tambem, que saltei da adolescência pra maturidade, muito cedo.
Foram muitas as responsabilidades e deveres, e disso não me arrependo, pois cumpri o papel de filha amorosa e consciente, que não se descuidou um minuto siquer da mãe, deixando de lado sonhos e projetos, que Deus julgará um dia, na eternidade.
Não sei se fui a melhor filha do mundo, só sei que sempre procurei dar o melhor de mim e sobretudo, ser sua melhor amiga e confidente.
Te amo mãe querida.
Lembranças como essas, não podem morrer jamais...